O papa Francisco pôs fim nesta quinta-feira a uma tradição de séculos que proibia a participação de mulheres no ritual de lava-pés durante a Semana Santa, irritando conservadores e agradando ativistas dos direitos das mulheres. Até agora, apenas homens ou meninos eram formalmente autorizados a participar do ritual.
O Cerimonial dos Bispos, o livro que contém as orientações para todas as celebrações da Igreja Católica, especifica que durante a cerimônia um sacerdote deve lavar e beijar os pés de 12 homens escolhidos, em homenagem ao gesto humilde de Jesus para com seus apóstolos na noite anterior à sua morte.
Mas em uma carta para o departamento do Vaticano que regula os ritos de adoração, Francisco disse que o grupo deve ser composto por “todos os membros do povo de Deus”, incluindo mulheres. O ritual acontece em paróquias católicas em todo o mundo na Quinta-feira Santa, quatro dias antes da Páscoa. No entanto, algumas paróquias da Igreja, que conta com 1,2 bilhão de fiéis, já incluíam mulheres e meninas, mas nos países em desenvolvimento a maioria ainda está presa às regras da Santa Sé.
“Esta é uma grande notícia, um maravilhoso passo adiante”, disse Erin Hanna, co-diretora da Conferência de Ordenação de Mulheres dos Estados Unidos, que promove um sacerdócio católico feminino. “Isto significa que a mudança é possível, as portas parecem estar se abrindo no Vaticano”, disse ela à agência Reuters.
Desde sua eleição em 2013, o papa tem incluído mulheres ao presidir o ritual de lavagem de pés, dando continuidade a uma prática que começou quando era arcebispo em Buenos Aires. O pontífice realizou o ritual em uma casa para idosos e incluiu até mesmo muçulmanos quando a prática era em prisões italianas, uma ofensa aos tradicionalistas.