O papa Francisco canonizou neste domingo (17) no Vaticano as duas primeiras santas palestinas da época moderna. A cerimônia serviu como mensagem de esperança para o Oriente Médio.
“Inspirando-se no exemplo de misericórdia, da caridade e da reconciliação (do Senhor), que os cristãos olhem com esperança em direção ao futuro, seguindo o caminho da solidariedade e da convivência fraterna”, afirmou o pontífice.
O pontífice pronunciou a reza na Praça de São Pedro do Vaticano, e não da janela do Palácio Apostólico, como costuma fazer aos domingos, porque foram levadas ao altar as primeiras santas palestinas da época moderna.
As canonizadas foram a irmã carmelita Santa Maria de Jesus Crucificado, cujo nome original era Mariam Bawardi (1846-1878), e Santa Maria Alfonsina (1843-1927), Maria Alfonsina Ghattas, que ajudou a fundar a Congregação das Irmãs do Rosário de Jerusalém.
Essas duas palestinas fizeram parte do grupo de quatro beatas que a partir deste domingo são santas. As outras duas eram Jeanne Emilie de Villeneuve, da França, e Maria Cristina Brando da Imaculada Conceição, da Itália.
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A cerimônia começou às 10h locais (5h em Brasília) na praça vaticana, onde se reuniram mais de duas mil pessoas que saíram de Palestina, Jordânia e Israel.
O ato também contou com a presença do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, e do patriarca latino de Jerusalém, Fouad Twal, além de muitos fiéis de outros lugares do mundo.
No início da manhã, centenas de pessoas começaram a chegar à Praça de São Pedro para ficar o mais perto possível do altar de onde o papa celebrou a cerimônia.
As bandeiras palestinas tremularam ininterruptamente e encheram de cor a praça junto com o amarelo e o branco, cores da bandeira do Vaticano.
Quase 24 minutos depois do início do ato os nomes das quatro santas foram pronunciados. As religiosas, já canonizadas, foram elogiadas pelo papa Francisco.
O pontífice ressaltou de Mariam Bawardi que “a docilidade ao Espírito Santo a fez instrumento de encontro e comunhão com o mundo muçulmano”. Em relação a Maria Alfonsina, afirmou que foi “exemplo de quão importante nos responsabilizarmos pelos outros, viver ao serviço uns dos outros”, enquanto destacou de De Villeneuve e Brando o amor e a entrega a Deus.
A cerimônia deste domingo foi um ato que serviu como mensagem de esperança e amor para o Oriente Médio, e também uma tentativa de ajudar a estimular a paz entre Israel e Palestina.
Com esta cerimônia, a Igreja Católica enviou um sinal de apoio também às comunidades cristãs no Oriente Médio que viram muitos parentes, amigos ou conhecidos cristãos emigrarem nos últimos tempos para outras regiões do mundo.
“Muitos emigraram, a presença cristã na Palestina na atualidade pode ser de 2%, mas também há cristãos árabes em Israel”, afirmou recentemente o diretor do Centro Católico Estudos e Meios de Comunicação de Amã, Rifaat Bared.
A canonização marcou o fim da visita de três dias de Abbas à Itália, onde se reuniu com o primeiro-ministro, Matteo Renzi; com o presidente, Sergio Mattarella; e com o papa Francisco.
Abbas se reuniu com o pontífice no sábado (16) no Vaticano, onde compartilharam o interesse de chegar à paz com Israel e também conversaram sobre o acordo anunciado pelo Vaticano com “o Estado da Palestina”, que apoia a solução de “dois Estados” e que poderia ajudar no reconhecimento de uma Palestina “independente”.
Neste encontro no Vaticano, o papa presenteou Abbas com uma medalha que simboliza o “anjo da paz”.
Ao término da cerimônia de canonização neste domingo, ambos os líderes voltaram a se cumprimentar e conversaram por breves instantes.
Papa Francisco abençoa cristãos na praça São Pedro, no Vaticano, durante cerimônia de beatificação de palestinas (Foto: Alessandra Tarantino/AP)
Da EFE