A visita-relâmpago da presidente Dilma Rousseff a Pernambuco, nesta segunda-feira (14), vem cercada de muitas expectativas políticas. Para Armando Monteiro (PTB), pré-candidato ao governo, pode ser o momento de aparecer como único candidato da petista no estado. O deputado federal João Paulo Lima também deve aproveitar o ensejo para divulgar sua pré-candidatura ao Senado, na chapa majoritária. Já os socialistas vão ficar “de orelha em pé” durante a passagem da presidente-candidata, que escolheu a mesma data do anúncio da pré-candidatura à Presidência de Eduardo Campos (PSB), em Brasília (DF), para vir à terra-natal do ex-aliado e agora rival nas urnas. Uma queda-de-braço que já está dando o que falar nos bastidores.
Dilma chega no estado pela manhã e segue, de helicóptero, para o Complexo de Suape, no município de Ipojuca. Ela vai participar da solenidade de lançamento do navio petroleiro Dragão do Mar, o terceiro produzido pela Transpetro/Petrobras construído em Pernambuco. É durante o evento que as lideranças do PT local, entre elas o senador Humberto Costa, esperam discursar e enaltecer a tripla pré-candidatura: Dilma para a Presidência, Armando para o governo e João Paulo para o Senado. Em seguida, a presidente parte para Serra Talhada, no Sertão, onde assina a ordem de serviço para o começo da segunda etapa da Adutora do Pajeú.
Armando vai acompanhar Dilma nos dois eventos. A região do Sertão, onde fica Serra Talhada, inclusive, é uma forte base eleitoral do petebista. Será a primeira aparição de Armando no estado ao lado da presidente, como pré-candidato ao governo pela aliança PTB/PT. Apesar da boa oportunidade em aliar seu nome ao da presidente, ele desconversou e disse que a presidente “virá a Pernambuco cumprir uma agenda administrativa, assim como cumprirá em outras partes do país até junho”. Após as solenidades pernambucanas, Armando deve voltar para Brasília com Dilma, a bordo do avião presidencial. Será um momento para conversar, com mais tranquilidade, sobre o cenário político em Pernambuco.
A curiosa coincidência é que, no mesmo horário da assinatura da ordem de serviço em Serra Talhada, por volta das 15h, o ex-governador Eduardo Campos vai lançar extra-oficialmente sua pré-candidatura à Presidência pelo PSB, tendo a ex-senadora Marina Silva (Rede) como vice. Questionado se a vinda de Dilma no momento em que o ex-governador estaria em Brasília teria sido uma concidência, o senador Humberto Costa rebateu. “É uma visão estreita achar que a presidente veio a Pernambuco porque Eduardo não está. A presidente fará uma visita administrativa, já programada, para trazer melhorias ao estado. Não tem nada a ver com eleição. Ela não está preocupada com isso”, disparou.
Coincidência ou não, a conversa nos bastidores do PT é de que Dilma estava, sim, esperando uma saída de cena de Eduardo para vir ao estado. Ela queria evitar possíveis constrangimentos, já que os dois vão se enfrentar nas urnas em outubro. Mesmo assim, a visita de Dilma acabou causando uma “baixa” no evento do PSB. A do governador João Lyra Neto, que era vice de Eduardo. Ele teve que cancelar sua participação no ato, já que terá que receber a chefe de Estado. O governador fará parte da comitiva presidencial tanto em Suape quanto em Serra Talhada e, por isso, a viagem à capital federal tornou-se inviável. (Diário de Pernambuco)