Nas eleições de 2016 o governador Paulo Câmara pediu os cargos de PSDB e DEM por conta da disputa pela prefeitura do Recife. Ao exigir os cargos por conta da disputa municipal, Paulo empurrou Mendonça Filho e Bruno Araújo para a oposição no momento em que eles estavam assumindo dois importantes ministérios. Aquele movimento deu corpo a oposição, que estava fragilizada no projeto representado por Armando Monteiro, candidato derrotado em 2014. Aquele fato somou-se a decisão de Paulo Câmara de negar espaço ao senador Fernando Bezerra Coelho no governo, e todos eles estão hoje unidos em torno de Armando.
Na reforma do secretariado, Paulo Câmara, que havia prometido ao Solidariedade que a secretaria de Habitação seria mantida na cota do partido após a saída de Kaio Maniçoba para disputar as eleições, decidiu tomar a pasta do partido para entregar ao MDB, que já estará contemplado na chapa majoritária com Jarbas Vasconcelos.
O Solidariedade comanda a cidade de Olinda através do Professor Lupércio, tem dois deputados federais, Kaio Maniçoba e Augusto Coutinho, um deputado estadual, Alberto Feitosa, e um vereador do Recife, Rodrigo Coutinho. Além de governar o terceiro maior colégio eleitoral do estado, o partido tem, por baixo, 200 mil votos para deputado federal e 100 mil votos para deputado estadual, e poderia ser importante na engenharia da reeleição de Paulo Câmara.
Ao tomar os cargos do partido sob o argumento de que Augusto Coutinho votava em Mendonça Filho para o Senado, um movimento diga-se de passagem, óbvio e natural, devido o grau de proximidade entre os dois, pois são cunhados, o governador Paulo Câmara empurrou para a oposição um grupo de aliados fiéis e disciplinados, que sempre estiveram ao lado dele nestes três anos e meio de governo e que estavam dispostos a cerrar fileiras para a sua reeleição.
O gesto do Palácio pode não ter o mesmo impacto do que houve quando afastou unilateralmente DEM e PSDB em 2016, mas entrega para a oposição um partido que se confirmar a travessia dará a Armando Monteiro mais tempo de televisão, pois ficará entre os seis maiores, e uma tropa que tem votos e sobretudo credibilidade no meio político, por causa de uma secretaria que em nada mudará a vida do grupo de Jarbas, que estará contemplado na majoritária e que poderia muito bem abdicar deste espaço. (Por Edmar Lyra)