Nas eleições de 2014 a Frente Popular foi impulsionada pela comoção gerada pela morte de Eduardo Campos, que havia montado a maior frente política da história de Pernambuco. Naquela ocasião Paulo Câmara elegeu-se com uma expressiva votação e fez uma maioria política significativa tanto na Câmara dos Deputados quanto na Assembleia Legislativa de Pernambuco, porém o sentimento de muitos é o de que Paulo Câmara só chegou ao Palácio por conta do fatídico acidente, e precisava de uma demonstração de força para ganhar legitimidade política.
As eleições de 2016 trouxeram resultados pouco animadores para o Palácio, que viu aliados perderem em Jaboatão dos Guararapes, Camaragibe, Ipojuca, Belo Jardim, Caruaru, Araripina, São Lourenço da Mata e cidades menores mas representativas que dariam uma grande preocupação ao governo na reeleição.
Além do resultado do pleito municipal e das dificuldades do governo, Paulo Câmara foi perdendo alguns aliados como o senador Fernando Bezerra Coelho, os deputados federais Fernando Filho, Mendonça Filho e Bruno Araújo, todos na época ministros de pastas importantes do governo federal e no final da pré-campanha o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira. Para muitos, o governo estaria sepultado, sobretudo pela ameaça da candidatura de Marília Arraes que se mostrava muito competitiva.
O governo tirou Marília do jogo, atraiu o PT, e enfrentou Armando Monteiro. Mesmo com todos os problemas do governo, em nenhum momento da campanha Paulo Câmara ficou atrás de Armando Monteiro nas pesquisas, o melhor resultado da oposição foi uma desvantagem numérica dentro da margem de erro. As urnas do último dia 7 permitiram a vitória de toda a Frente Popular, mas além da derrota de três expoentes oposicionistas, Armando, Mendonça e Bruno, o governo teve um expressivo resultado na disputa proporcional.
Dos 25 deputados federais eleitos, 17 estarão na base do governador, enquanto dos 49 estaduais, pelo menos 36 deverão compor a base governista na Assembleia Legislativa de Pernambuco. Não é apenas a base governista robusta que impulsiona o PSB, mas a própria fragilidade da oposição que teve uma chance ímpar de tirar a hegemonia socialista no estado, que com a derrota de seus próceres, ficou órfã de lideranças, dependendo de nomes que estão reticentes a empunhar a bandeira de antagonismo ao PSB.
Por fim, se observou a derrota de nomes que bateram de frente com o Palácio, como João Fernando Coutinho, Socorro Pimentel, Adalberto Cavalcanti, Marinaldo Rosendo, José Humberto e Augusto Cesar, que em 2014 obtiveram resultados expressivos mas que em 2018 saíram derrotados e fragilizados das urnas. Não haveria resultado melhor para o governo, que fez barba, cabelo, bigode e mais um pouco para ter uma tranquilidade maior pelos próximos quatro anos. (Edmar Lyra)