Por Arthur Cunha – especial para o blog Magno Martins
O País Caruaru venceu a enquete no Instagram (@arthurhbcunha) com 56% dos votos ante os 44% de Jaboatão dos Guararapes e terá seu cenário para 2020 analisado nesta coluna de hoje. Cidade de maior representatividade no Agreste, a Capital do Forró viverá uma eleição em que as famílias tradicionais, que dominam a prefeitura desde muito tempo, enfrentarão novos nomes. É bem verdade que alguns desses quadros aos quais vou me referir como “novos” já militam na política local, e até estadual. Mas ainda não têm o mesmo aparato financeiro nem a expertise dos tradicionais na hora de buscar o voto. E, principalmente, nunca chegaram ao poder municipal.
A avaliação começa naturalmente pelo grupo Lyra, que tem na mão a máquina da prefeitura sob o comando da prefeita Raquel. Com dois anos à frente do Executivo, ela ainda não caiu nas graças do povo. Depois de vencer Tony Gel na primeira vez que Caruaru teve segundo turno, em 2016, a prefeita comanda um governo que enfrenta problemas e é considerado mediano. Raquel tem desafios na gestão, ainda sem grandes realizações, e na política, já que não conseguiu reunir em torno de si outras forças.
Seu vice, Rodrigo Pinheiro, não deve concorrer à reeleição, disputando mandato de vereador. A perda, por outro lado, pode ser o grande trunfo de Raquel na política, se ela utilizar a vaga para atrair algum pré-candidato que some ao seu projeto de reeleição. Há quem diga, também, que a prefeita precisa se afastar da influência do pai, o ex-governador João Lyra Neto, e caminhar com as próprias pernas.
A briga com o comando do PSB, de onde Raquel se desfiliou indo para o hoje combalido PSDB, também terá um peso na eleição, haja vista que a Frente Popular certamente dará carga no seu candidato na cidade, com o objetivo de fazer os Lyra perderem o poder. O fato, contudo, é que a cerca de um ano e meio do início da campanha, a família do ex-ministro Fernando Lyra e do ex-prefeito João Lyra Filho não deve, nem de longe, ser tida como carta fora do baralho.
Raquel tem tempo para recuperar a gestão, “ganhar” na política e chegar forte para ser reeleita. Além do controle da máquina, que vai moer muito durante o período eleitoral, os Lyra são conhecidos pela competência em fazer o dia da eleição. Financeiramente e no quesito cabos eleitorais da gestão, a prefeita Raquel pode ser considerada hoje como a principal força, um passo à frente dos adversários, ainda que tenha seus problemas.