As eleições do ano passado configuraram a sexta vitória do PSB em eleições majoritárias desde a chegada de Eduardo Campos ao Palácio do Campo das Princesas. De todas as vitórias, a de Paulo Câmara foi a mais apertada, porém diferentemente da segunda vitória de Geraldo Julio no Recife e da primeira de Eduardo Campos, que foram no segundo turno, Paulo acabou liquidando a fatura no primeiro turno e levou consigo seus dois senadores. A abertura das urnas trouxe uma realidade dura para a oposição, mas o plano nacional, com a vitória de Jair Bolsonaro, e o próprio exemplo do presidente, deram o caminho a ser adotado pela oposição não só para a disputa pela prefeitura do Recife no ano que vem como para as eleições estaduais de 2022.
Jair Bolsonaro foi muito autêntico na sua saga contra o PT, desde a vitória de Dilma Rousseff em 2014 que o atual presidente não descansou um minuto sequer, foi combativo, bastante crítico e não baixou a guarda. Soube enxergar o vácuo de lideranças políticas e se apresentou como novo mesmo sendo um político tradicional através das redes sociais. A hegemonia petista que durou quatro eleições presidenciais foi encerrada por um homem que tinha apenas 8 segundos de guia eleitoral.
Portanto, antes de pensar em 2020 e 2022, a oposição precisará trabalhar ano após ano, utilizando as ferramentas das redes sociais para apontar os erros do PSB tanto na capital quanto no estado. Antes de se trabalhar nomes para a disputa pela prefeitura do Recife, que é a eleição mais próxima do horizonte, é preciso realizar uma ação integrada entre vereadores e deputados estaduais e federais de oposição para apontar os erros do PSB e fragilizar suas gestões. O que favorecerá a oposição é ter o governo federal ao seu lado depois de muitos anos de petismo exacerbado, e isso significa muita coisa, uma vez que se fizer o feijão com arroz, Jair Bolsonaro será um importante eleitor em 2020, pois diferentemente das gestões do PSB que já duram doze anos no estado e seis anos no Recife, Bolsonaro ainda não tem a chamada fadiga de material.
Está latente a necessidade de a oposição considerar nomes que nunca disputaram eleições majoritárias como Silvio Costa Filho e André Ferreira, por exemplo, e também contar com a candidatura de alguém que tenha forte identificação com o presidente Bolsonaro. A estratégia é simples: forçar um segundo turno contra o candidato que terá a benção de Geraldo Julio e Paulo Câmara. Diferentemente de 2016 quando João Paulo chegou ao segundo turno e perdeu pelo desgaste do PT que estava no auge, um segundo turno em 2020 entre o nome do PSB e um nome alinhado com Bolsonaro poderá ser letal para a hegemonia socialista na capital. (Edmar Lyra)