A entrevista de Michel Temer falando que Paulo Câmara participou do impeachment certamente teve as digitais do grupo oposicionista no sentido de dividir o desgaste do presidente com o governador e tentar neutralizar a pecha de palanque de Temer que está sendo massificada pelo PSB durante a campanha de Paulo Câmara. Ocorre que quanto mais Michel Temer aparecer na discussão, maior o prejuízo para o grupo oposicionista, pois o fato de Bruno Araújo e Mendonça Filho terem sido seus ministros é público e notório, não havendo portanto nada que possa apagar o que ocorreu.
Também é público e notório que o PSB deu sustentação ao impeachment de Dilma Rousseff, contribuindo efetivamente para que Michel Temer ascendesse ao Palácio do Planalto e isso é um fato que não será apagado em hipótese alguma. A partir do momento em que a oposição se deixa pautar pelo debate sobre Michel Temer, ela está relegando a um segundo plano os problemas do estado. Quanto mais nacionalizada for a disputa, trazendo para o ringue Temer e Lula, pior para a oposição, que ainda não se deu conta disso.
A narrativa da oposição tem que ser a de que realmente apoiou o impeachment porque julgava pertinente a saída de Dilma Rousseff devido o caos que ela deixou no país. Não há demérito nenhum nisso, e evidenciar que o PSB também votou pelo impeachment. Ao correr de Temer como o Diabo foge da cruz, a oposição está perdendo a batalha da comunicação. O caminho oposicionista é apontar a tese de que a eleição em Pernambuco não é para falar se Temer ou Lula foram bons ou ruins e sim dos problemas de Pernambuco, uma vez que nem Lula nem Temer serão candidatos e nenhum deles estará no Palácio do Campo das Princesas a partir de janeiro de 2019.
Se a oposição se deixar ser pautada por Paulo Câmara aceitando que o assunto Michel Temer fique em voga, estará fazendo o jogo do governador, que estará livre de discutir os problemas do estado, as promessas não cumpridas, e nesta arena, Paulo Câmara acaba sendo beneficiado, pois na preferência Lula e Temer, é óbvio que acaba beneficiando quem é apoiado pelo primeiro e atrapalhando quem esteve ao lado do segundo.
Quanto mais Lula e Temer aparecerem na disputa em Pernambuco, melhor para Paulo Câmara que tem o maior guia eleitoral, o maior exército de candidatos proporcionais e a maior quantidade de prefeitos em todo o estado. Se a discussão for nacionalizada, Paulo Câmara vai acabar nadando de braçada. Portanto, o caminho da oposição é tentar estadualizar a disputa, afinal o que está em jogo em Pernambuco é o cargo de governador e não o de quem foi melhor ou pior presidente. (Edmar Lyra)