Por Magno Martins
Ao participar de uma mesa de debates da Marketing Week da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), o professor Josmar Andrade perguntou a jornalista Adriana Vasconcelos se o protagonismo das mulheres nas eleições é uma realidade ou ainda vamos conviver com muitas candidatas laranjas para cumprir cotas partidárias? Minha resposta foi taxativa: as mulheres vieram para ficar”, respondeu.
E acrescentou: “Ninguém se engane, as candidaturas laranjas são invenções dos homens e não das mulheres. Ainda que alguns partidos, normalmente comandados por homens, prefiram se arriscar burlando a lei, em vez de investirem em novas lideranças femininas, esse quadro começa a mudar. O protagonismo feminino, pouco a pouco, vem se impondo por méritos próprios”.
Adriana destacou que o tapete vermelho que será estendido, amanhã, pelo PSB, para filiação da deputada Tábata Amaral (SP) e a recepção calorosa preparada pelo Cidadania para a senadora Leila Barros (DF) no mês passado, confirmam tudo isso. Após garantir na Justiça Eleitoral o direito de se desfiliar do PDT sem perder o mandato, Tábata anunciou no programa “Conversa com Bial”, na Globo, sua filiação ao PSB.
“Há quem possa insinuar que a festa pela chegada dela ao PSB se deva, em parte, ao prestígio do namorado e prefeito de Recife, João Campos, filho do ex-governador Eduardo Campos, que morreu em acidente aéreo quando disputava a eleição presidencial em 2014. Mas não há como negar as qualidades dessa jovem deputada federal, que vinha sendo cortejada por várias legendas. Tábata foi a 6ª parlamentar mais votada da bancada paulista e se destaca na nova geração de políticos que chegou ao Legislativo em 2018”, assinalou a jornalista em texto no site Poder360.
A luz e opiniões próprias de Tábata, segundo Adriana Vasconcelos, incomodaram veteranos da política, como o presidenciável Ciro Gomes, que descambou para ataques pessoais contra a novata ao criticar o voto favorável dela à reforma da Previdência, contrariando então a posição fechada pelo PDT. “Incomodo as pessoas porque sou diferente. A agressividade maior é porque sou mulher”, atesta a deputada, que mesmo já tendo cumprido dois anos e meio de mandato, até hoje ainda é barrada por engano por alguns seguranças da Câmara dos Deputados, por conta de sua pouca idade e da condição feminina.
Lugar ao sol – O avanço das mulheres na política brasileira já é considerado um caminho sem volta. Até porque em alguns lugares elas já conseguiram dominar a cena. Dos oito deputados federais eleitos por Brasília, por exemplo, na eleição passada, cinco são mulheres. Entre elas, Flávia Arruda, a mais votada, é ministra da Secretaria de Governo. O protagonismo feminino chamou a atenção em outros estados da federação, onde candidatas mulheres também despontaram como as mais votadas entre os eleitos. É o caso das deputadas Rose Modesto (PSDB-MS), Mara Rocha (PSDB-AC) e Rejane Dias (PT-PI).