13 de dezembro de 1912, sexta-feira, Fazenda Caiçara – zona rural de Exu – PE, região do Sertão do Araripe, nascia na casa de Sr Januário e Dona Santana: LUIZ GONZAGA DO NASCIMENTO – LUIZ GONZAGA – MESTRE LUA, que posteriormente consagrava-se o nosso REI DO BAIÃO.
LUIZ GONZAGA, mudou para sempre a história do Sertão, de Exu, e por que não dizer do mundo, autor de 553 músicas e compositor do hino do povo nordestino: ASA BRANCA em parceria com Humberto Teixeira, composta em 03 de março de 1947.
Asa Branca que faz uma alusão a um pássaro, uma espécie de pombo que segundo a canção conta que parte em retirada devido à seca perversa.
De tantos outros clássicos como:
* A Volta da Asa Branca
* Assum Preto
* Mandacarú
* Xote das Meninas
* Juazeiro
* Orélia
* Danado de Bom
* A Triste Partida (do imortal Patativa do Assaré)
* Vozes da Seca (que serviu de discurso no Senado para criação da SUDENE)
LUIZ GONZAGA cantou e decantou em sua obra inúmeros contextos: o amor, o homem, a mulher, a paixão, lampião, religião, a terra, enfim foi um dos maiores pesquisadore e diplomata do Sertão, digamos assim.
Pai de Gonzaguinha outro ícone da MPB, viveu uma relação conflituosa que no final resultou numa releitura de amor entre pai e filho, muito bem interpretada em seu filme.
MESTRE LUA sempre foi incentivador do forró e da cultura nordestina, por onde andava sempre reconhecia e investia nos talentos que encontrava, um exemplo disso é o imortal virtuoso DOMINGUINHOS, um dos maiores acordeonistas que o mundo já conheceu.
A história de Dominguinhos merece um capítulo à parte.
Hoje tudo que for feito pelo MESTRE LUA ainda é pouco, pelo impacto sócio, político, cultural e econômico que ele causou em defesa de seu povo, sua terra e sua obra.
Homem de Inteligência ímpar, personalidade forte SEU LUIZ nunca negou suas origens, viveu amores, amou, sofreu e tudo isso é encontrado em sua obra.
Através do Mestre Lua o mundo começa a enxergar o forró, ao lado de JACKSON DO PANDEIRO, MARINÊS, TRIO NORDESTINO, PEDRO SERTANEJO, SIVUCA, OSWALDINHO, DOMINGUINHOS e o que chamo do Lado B do Forró: ASSISÃO, JORGE DE ALTINHO, ALCYMAR MONTEIRO, MACIEL MELO, PETRÚCIO AMORIM, ELBA RAMALHO, FAGNER, XICO BEZERRA, ARACÍLIO ARAÚJO, SILVÉRIO PESSOA, NÁDIA MAIA, BETO HORTIS, CEZZINHA, MARIA FULÔ, SANTANNA, BILIU DE CAMPINA, e tantos outros nomes que buscam manter viva a nossa verdadeira cultura.
E por falar nisso é necessário reconhecer o trabalho da SALA DE REBOCO em Recife-PE, empreendimento do também sertanejo RINALDO FERRAZ que há anos toca-se forró toda quinta-feira, sexta-feira e sábado.
RINALDO FERRAZ é o exemplo vivo do que diz o Livro “Sertões” de EUCLIDES DA CUNHA, numa de suas clássicas frases: “O Sertanejo é antes de tudo um forte”.
RINALDO FERRAZ resiste ao forró de plástico e ao modismo de massa que tenta engabelar o povo vendendo gato por lebre, oferecendo lixos musicais e pegando carona no nosso bom e velho forró, mas como diz o professor BILIU DE CAMPINA: “Forró é que nem tatu só tem um, o Original, o resto é Peba”. Na SALA DE REBOCO toca-se apenas o forró genuíno, comidas típicas do Nordeste, e um ambiente sertanejo dentro da metrópole pernambucana.
Obrigado Rinaldo pela teimosia em defender e fomentar o Forró pra nós.
Hoje é uma das datas mais Importante da minha vida, Dia do Forró, dia do nascimento do mestre LUIZ GONZAGA.
Forró pra mim é alimento, terapia, higiene mental, forró é o que me mantém vivo e que irá me acompanhar na morte.
Com o Forró cresci, onde com 06 anos de idade presenciei meu velho pai acompanhando o saudoso “Vino dos 08 baixos”, tocando a concertina no Banheiro Público de João Alfredo-PE, num domingo normal, que devido a falta d’água fomos tomar banho no Banheiro Público, eu e meu pai e lá tive a minha paixão à primeira vista: Eu e o Forró.
Em seguida minha infância, não faltava a parada clássica em frente a Enoque Barbeiro onde o Cego Gerôncio tocava sanfona, acompanhado de Vestinho no pandeiro e voz, e outro caboco no triângulo. Era sagrado aqueles momentos na feira livre. Minhas sessões de forró começaram cedo.
Em seguida os filhos do Saudoso Antônio Gonçalves: NELSON DO ACORDEON E DANIEL me ensinam a cantar e tocar o forró.
Veio então o Projeto CASA DE TAIPA: Eu, Nelson e Sr Zezo do Bar formamos a primeira casa de Show de Forró na antiga Discoteca de Sr Zezo. Era o ano de 2002, detalhe: lá não podia entrar de bermuda.
Foi ai que apareceu o cearense mais pernambucano que conheci: meu amigo Itamar que hoje continua fazendo sustenidos e bemóis de sua mais nova Julliete de 120 baixos.
Tudo isso devo ao bom e velho forró. Por hoje é só; amanhã tem mais.
Viva SEU LUIZ GONZAGA!
Viva Santa Luzia!
Viva o Forró!
Viva Nelson, Daniel, Itamar, Mê, Dié de Zé Vieira, Felipe de Neco Justino, Farias!
Viva o Saudoso Zezo do Bar!
Viva a Casa de Taipa!
Viva Rinaldo Ferraz e a Sala de Reboco!
Viva Xico Bezerra!
Viva Maciel Melo, Petrúcio Amorim, Jorge de Altinho!