Por Magno Martins – Não sei se foi vingança política, como externou, ontem, em coletiva, o agora ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR), cassado na noite da última terça-feira, por unanimidade, pelo colegiado de ministros do Tribunal Superior Eleitoral, mas que tem algo a mais no ar, além de avião de carreira, tem sim. Se não, o presidente Lula, o PT e os próximos do Governo não teriam comemorado com champanhe como se estivessem em festa.
Dallagnol foi procurador da Lava Jato, operação que levou muita gente para cadeira, inclusive Lula. Na sua fala, o ex-procurador jogou pesado. “Hoje o sistema da corrupção está em festa”, disse, listando em seguida quem estaria nessa festa: “Gilmar Mendes está em festa, Aécio Neves, Eduardo Cunha, Beto Richa estão em festa”. E acrescentou: “Perdi o meu mandato porque combati a corrupção. Hoje, é um dia de festa para os corruptos e um dia de festa para Lula”.
Gilmar Mendes não foi o único ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) alvo das críticas de Deltan. Alexandre de Moraes, que também é presidente do TSE, foi mencionado. “Eles conseguiram que sete ministros superassem decisões e pareceres unânimes anteriores e que me cassaram. Liderados por um ministro, que já disse o ministro Alexandre de Moraes na cerimônia de diplomação de Lula: ‘missão dada, missão cumprida. Liderados por um ministro que, ao encontrar Lula certa vez, disse: ‘está tudo em casa’”.
Tudo muito estranho, mas a decisão foi tomada após representação, apresentada pela Federação Brasil da Esperança, composta por PT, PC do B e PV, e pelo PMN, sob a alegação da impossibilidade de o então procurador ter deixado a carreira no Ministério Público enquanto respondia a uma série de sindicâncias no órgão. Mesmo fora do cargo, o parlamentar cassado ainda pode recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal). Ele disse estar indignado com a decisão do TSE e que está em curso no Brasil uma “vingança sem precedentes” contra “agentes da lei que ousaram combater a corrupção”.
O ex-procurador da República perdeu o mandato porque o TSE tornou inválido seu registro de candidatura. Isso significa que Deltan não poderia ter concorrido nem recebido votos porque respondia a sindicâncias e outros processos junto ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público). Os autores das representações alegaram que Deltan antecipou sua exoneração para se livrar de 15 procedimentos que estavam em andamento no conselho e que poderiam eventualmente motivar a abertura de PAD (Processo Administrativo Disciplinar).
Tanto os adversários políticos do senador Sergio Moro (União-PR) quanto ele próprio passaram a ver aumentada a possibilidade da perda de mandato do ex-juiz parcial e incompetente. Depois que seu parceiro nos negócios realizados durante a Operação Lava Jato, o agora ex-deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) perdeu o mandato de deputado, analistas acreditam que ele pode perder o dele até o final deste ano. Moro responde a um processo movido pelo PL por suposta prática de Caixa 2, durante a campanha. A ação contra Moro tramita no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná.
A governadora Raquel Lyra (PSDB) acaba de instituir uma categoria inimiga da sua gestão, os professores, ao enviar à Assembleia Legislativa um projeto que só concede reajuste a quem não recebe o piso nacional da categoria. Isso, na prática, só contempla pouco mais de seis mil professores. A senadora Teresa Leitão, que tem uma história de atuação no segmento, chegou a pedir aos deputados para não colocar a matéria em votação e disse que tentaria convencer a tucana. Vai perder tempo!