Por Magno Martins – Objeto dos mais variados boatos dando conta de que jogará a toalha, arquivando o plano de disputar o Governo de Pernambuco, a pré-candidata tucana Raquel Lyra se apressou em desmentir o disse me disse e marcou a convenção que homologará seu nome para o próximo dia 30. O que era mais importante, os nomes para compor a chapa, até ontem não havia nenhuma sinalização.
A princípio, a tucana registraria Armando Monteiro, também do PSDB, para o Senado. Parlamentar bastante atuante no campo da oposição na Assembleia Legislativa, Priscila Krause, militante histórica do DEM, hoje no Cidadania, seria a vice. Armando foi o primeiro a cair fora. Está vacinado contra aventuras políticas depois de levar duas derrotas seguidas para o PSB na peleja pelo Palácio do Campo das Princesas.
Circularam ontem duas versões sobre o seu destino. A primeira, de que, aconselhada pelo pai, o ex-ministro Gustavo Krause, seria candidata à reeleição para Alepe, no intuito de continuar seu brilhante trabalho. A segunda, que estaria disposta a ir ao sacrifício, sendo candidata ao Senado na chapa de Mainha, como é conhecida a ex-prefeita de Caruaru.
Mas até o fechamento desta coluna nenhuma das versões foi confirmada. Tudo porque a candidatura de Raquel representa um mergulho profundo num futuro incerto. Sem ao menos ter nomes para compor uma chapa, Raquel leva aliados a uma aposta em um projeto majoritário como um tiro no escuro.
Com exceção do Cidadania, a tucana não atraiu um único partido para sua coligação, dando-lhe mais tempo para propaganda no rádio e na televisão, estreitando, consequentemente, as chances de se apresentar como um nome competitivo, de envergadura, encarado como alternativa de aposta para chegar ao segundo turno e ganhar a eleição.
No prejuízo – Ao deixar a Prefeitura de Caruaru e se lançar ao Governo do Estado, Raquel Lyra não voou como águia. Seu voo foi rasante, de galinha, tanto que na largada não tem sequer a segurança de que contará com o seu sucessor, o prefeito Rodrigo Pinheiro, envolvido de corpo e alma na campanha. Na temporada junina, ela chegou a ter uma forte desavença com Pinheiro, enciumada pelo fato dele ter aberto o camarote oficial da Prefeitura para todos os pré-candidatos ao Governo, do socialista Danilo Cabral à Marília Arraes, do Solidariedade.
Aliado de primeira hora de Raquel Lyra, o deputado federal Daniel Coelho, do Cidadania, foi o primeiro a ser convidado para entrar na chapa tucana como candidato ao Senado, mas não aceitou. Confessou a pessoas próximas que não queria correr risco de ficar sem mandato. Com isso, na prática, Coelho nunca levou a sério no projeto majoritário de Raquel. Mas mesmo indo à reeleição, ainda corre riscos, porque o seu partido, federado ao PSDB, não conseguiu fazer chapa.
No plano nacional, na corrida ao Palácio do Planalto, Raquel também ficou no olho da rua com a desistência do postulante natural do seu partido, o ex-governador de São Paulo, João Doria. Ela não apenas recebeu Doria na campanha ao longo das prévias do partido, como votou declaradamente nele. Eleição para governador obedece uma lógica: a do casamento na disputa presidencial com um nome competitivo, como se observa hoje na polarização Lula X Bolsonaro.