Por Magno Martins – Já na fase das convenções, que, finalmente, apresentarão as chapas completas na disputa ao Governo de Pernambuco, as dezenas de pesquisas realizadas neste ano trazem indicativos cristalinos de que haverá uma disputa em dois turnos.
O quadro eleitoral está hoje claramente dividido em três blocos praticamente iguais, com um terço das intenções de voto: o bloco de centro-direita, disputado por Raquel Lyra, Miguel Coelho e Anderson Ferreira; o de centro-esquerda, com uma luta fraticida entre Marília Arraes e Danilo Cabral; e os indecisos.
Marília e Danilo protagonizam uma guerra para saber quem poderá receber a maior fatia da possível transferência do voto lulista. Segundo as últimas pesquisas divulgadas, Marília pontua com uma média de 28% e Danilo com 6% das intenções de voto, mesmo já tendo o apoio formal do ex-presidente Lula e do governador Paulo Câmara.
Marília tenta de todas as formas dar um drible na Frente Popular e colar sua imagem à de Lula, através de movimentos oportunistas, por exemplo, quando chegou a colocar de supetão um chapéu de palha na cabeça do ex-presidente, furando a blitz socialista.
A ansiedade de Marília é compreensiva, uma vez que a partir do dia 26 de agosto, quando o programa eleitoral e as inserções forem ao ar na TV e no rádio, e com pedido de voto explícito de Lula para Danilo, suas perspectivas tendem a desidratar, principalmente pela desvantagem colossal no guia. Danilo terá cerca de 4 minutos e 16 segundos, enquanto Marília terá 1 minuto e 10 segundos.
Na faixa da centro-direita, o ex-prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira, pontua com cerca de 11% das intenções de voto, mesmo tendo sido anunciado como candidato oficial de Bolsonaro desde fevereiro. Anderson tem seguido a mesma estratégia de Marília e Danilo, no sentido de colar ao máximo sua imagem à do padrinho político. Entretanto, nesse ponto, a estratégia do candidato do PL poderá fazer ruir suas pretensões de chegar ao segundo turno. Isto porque, historicamente, um presidente nunca conseguiu transferir mais do que 70% de sua intenção de votos ao seu apadrinhado.
Em outras palavras: Bolsonaro detém cerca de 20% das intenções de votos em Pernambuco, e 70% desse percentual resulta em 14% de transferência para Anderson, ou seja, o ex-prefeito de Jaboatão já está próximo do seu teto. E com reduzidos 44 segundos de tempo no guia, terá dificuldades de apresentar suas propostas, mostrar o que fez por Jaboatão, colar sua imagem em Bolsonaro e ainda se defender dos adversários.
Raquel Lyra e Miguel Coelho pontuam com 14% e 11% respectivamente. A luta de ambos será para conquistar os indecisos, que alcançam cerca 33% do eleitorado. Como Anderson já está bem próximo do seu teto, a disputa para um segundo turno na faixa da centro-direita ficará muito provavelmente entre os ex-prefeitos de Caruaru e Petrolina.
Ainda que Raquel tenha a vantagem neste momento, os fatos da corrida eleitoral apontam para Miguel a vantagem na disputa dentro deste campo político. Por quê? Primeiro, o tempo de TV e rádio. Miguel Coelho terá 2 minutos e 20 segundos, quase quatro vezes mais que Raquel, com 48 segundos, e Anderson. A principal vantagem de Raquel, o fato de ser mulher, é um atributo que será dividido com Marília.
Raquel conta apenas com o PSDB e Cidadania, que já formam uma federação. Situação semelhante à de Anderson. Mas neste quesito Miguel avançou e hoje dispõe do União Brasil, Podemos, PSC e Patriota. Na comparação entre os três, o ex-prefeito de Petrolina é reconhecido como o que mais tem apoios nos municípios, sobretudo de prefeitos e ex-prefeitos. Só perde para a estrutura do Palácio.
Por fim, a análise do jogo eleitoral deve ser feita com a reflexão sobre estes pontos: qual dos três ex-prefeitos terá o melhor legado para mostrar nas inserções de TV e rádio? Qual deles foi mais bem avaliado entre seu eleitorado municipal? Qual terá mais tempo para apresentação de suas propostas? Qual tem as melhores bases eleitorais, prefeitos, candidatos a deputado para impulsionar suas candidaturas no interior do Estado?
Naturalmente, quem estiver melhor posicionado nas respostas a esses questionamentos largará na frente em busca do convencimento do voto dos 33% do eleitorado que ainda está indeciso e que de fato resolverá a eleição para onde pender.