Opinião: Priscila sem função definida

Por Magno Martins – A governadora Raquel Lyra (PSDB) passou a fase pós-eleição repetindo a ladainha de que Priscila Krause (Cidadania), vice-governadora, teria papel fundamental em sua gestão, que governaria em plena harmonia com ela. Chegou até uma semana antes da posse, sem ninguém cobrar, a postar no seu Instagram que seu governo seria tocado a quatro mãos.
Mas o Secretariado montado e empossado, ontem, não tem pasta ocupada pela vice, diferentemente do que fez o presidente Lula, que nomeou o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB) para o Ministério da Indústria e Comércio, esse, sim, terá um papel no governo petista: fazer a ponte com o empresariado, com os investidores.
Priscila coordenou a equipe de transição, da mesma forma que Alckmin no plano nacional, mas sequer indicou um secretário. Especulou-se, ontem, que o secretário de Produção Rural, Aloísio Ferraz, historicamente ligado às forças de direita, teria sido uma sugestão do ex-governador Gustavo Krause, pai de Priscila.
Filha de político, militante política histórica de direita, cria do PFL, o Partido da Frente Liberal, Priscila começou jovem na vida pública, foi vereadora do Recife e deputada estadual. É, portanto, um animal político. Sendo assim, poderia ser útil ao Governo de Raquel na articulação entre Governo e o Legislativo.
Mas, pelo menos até ontem, a vice-governadora continuava sem função específica no Governo, nem na área política nem administrativa. Pode ser que sirva apenas para convocações emergenciais, quebrar tensões com os parlamentares ou ser consultada sobre decisões de governo difíceis de serem tomadas pela governadora.