Por Eduardo Aquino / O Tempo
Levamos milênios para desenvolver a lógica. Séculos para aprimorá-la. Porém, apenas três décadas para torná-la artificial. Ficamos viciados na inteligência artificial, prisioneiros da cognição eletrônica. Não precisamos memorizar coisas banais como números de celulares de mãe ou namoradas, arquivar dados, abrir um dicionário para compreender uma nova palavra ou pesquisar numa biblioteca um novo saber. Basta um movimento mágico e temos nosso totem do saber, o onipresente e onisciente Google. É médico, professor, cientista, inventor, tradutor, guia, mestre, o que nós acomodados usuários quisermos. Seria um deus, se não fosse o maior lobo em pele de cordeiro. Sabe tudo de mim, de você, de todos nós. Falso ou verdadeiro, inventado ou historiado, invade minha privacidade sem ao menos pedir licença. Tem a chave de todos meus cômodos e, se deixar, indica até onde encontrar minha alma gêmea.
E O FACE? – Mas o que dizer do mamute Facebook? Começou como um conector de pessoas numa universidade americana. Traçava um perfil e apresentava uma pessoa a outra à distância. Hoje, vigia cada passo, é cheio de armadilhas, de ferramentas viciantes, é instrumento de guerras, desunião, fofocas e ciberbullying. Muda eleições nos EUA e na Inglaterra, promove tribos que se odeiam e acentua preconceitos e ódios. Instagram, Tumblr, Twitter e tome tela de smart, IPad e desktop. E destilam-se ódios, amores, mentiras, alegrias, difamações. De longe, à distância, virtualmente, a covardia se faz corajosa. Constrói-se uma vida a vida inteira, destrói-se em poucas tecladas, poucos segundos. Haters irrelevantes têm seu momento de glória ao postar sobre as celulites da celebridade.
Continua…