Por Jair Pereira*
É bíblico: “Ninguém pode servir a dois senhores, pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro”. Indo mais além: como pode haver comunhão entre luz e trevas? Entre justiça e injustiça? É disso que se trata o voto de quem sugere casar Lula presidente, Raquel Lyra governadora.
O voto dado para Bolsonaro em 2018, por pessoas de bem, fez emergir das trevas personagens como Damares, Ricardo Salles, General Pazuello, Sérgio Moro, Padre Kelmon, dentre tantos outros. Muitos que se iludiram nas boas intenções já se arrependeram, é verdade. Mas o custo, quatro anos depois, foi o imensurável sofrimento de mais de 14 milhões de pessoas que perderam empregos, de mais de 30 milhões de pessoas que voltaram a fazer parte do mapa da fome e mais de 680 mil mortos de Covid-19.
O voto no domingo próximo para Raquel Lyra, reservado a algumas pessoas do bem, que elas não se enganem, também dará voz e vez para a ascensão na cena política de Pernambuco de “figurinhas carimbadas” como Clarissa Tércio, Júnior Tércio, Coronel Meira, Coronel Alberto Feitosa, France Hacker e o casal Cleiton e Michele Collins, todos já vitoriosos nas urnas, mais a soma de derrotados eleitorais (mas politicamente vitoriosos), como Anderson Ferreira e Gilson Machado.
São votos que vão ajudar a acobertar a impunidade de episódios como o da menina estuprada que sofreu constrangimento numa clínica ao tentar fazer um procedimento de aborto garantido pela Lei e, recentemente, do caso da desatenção humana a Dona Irismar, mãe de Iuri, adolescente que foi esquartejado há dez anos na Funase, e que desde a época foi abandonada à própria sorte pela candidata Raquel Lyra, então secretária da Juventude, segundo denuncia a vítima negra e pobre que mora no bairro do Cajá, em Vitória de Santo Antão.
Já a eleição de Lula, presidente, e Marília governadora, é a antítese dessas e de outras mazelas que os democratas e os progressistas querem jogar, de uma vez por todas, no lixo da história. Representa os valores de uma sociedade minimamente civilizada, que se propõe a conviver respeitando as leis. Que desconsidere preconceitos individuais e coletivos contra negros, pobres, gêneros diversos, deficientes e todas as religiões.
*Jornalista