Por Magno Martins – Uma coisa é certa: já temos o epitáfio dessa reta final de campanha: as visitas dos candidatos da Frente Popular – Danilo Cabral (PSB) ao Governo do Estado, e Teresa Leitão (PT) ao Senado – ao ex-presidente Lula para implorar uma vinda a Pernambuco, como a tábua de salvação para o naufrágio eleitoral do PSB, o fim de uma era que o povo vai comemorar nas ruas como nunca.
Pararam a agenda, viajaram mais de 2 mil km até São Paulo e levaram um rotundo “NÃO” como resposta de Lula, face à cobrança para que o ex-presidente viesse a Pernambuco na próxima semana. Deixaram Sampa desolados. Na mala, só uma gravação protocolar e burocrática de Lula defendendo a chapa da Frente Popular, respeitando o acordo nacional que firmou com o PSB.
Para bom entendedor o recado do ex-presidente não poderia ser mais claro: “Agora, é tempo de murici, cada qual cuide de si”, teria dito a um interlocutor. Lula, com base em pesquisas internas e públicas, constatou que o candidato Danilo é causa perdida.
Lula viu com os seus próprios olhos Danilo ser vaiado pela militância que apoia e vota com ele e assistiu, sem surpresas, essa mesma militância gritar o nome de Marília Arraes durante sua passagem por Garanhuns, Serra Talhada e Recife, em julho passado.
Lula cumpriu o acordo com o PSB. Se desdobrou para convencer seu eleitor estadual a seguir Danilo. Mas o eleitorado identificou em Marília a relação histórica com o lulismo, porque Danilo nunca foi Lula. Pelo contrário. Foi um personagem da política ferrenho crítico do PT nacional e do ex-presidente, responsável, com o seu voto pelo impeachment de Dilma, pela retirada do PT do poder.
A recusa de Lula para vir mais uma vez a Pernambuco foi um duro revés para Danilo e o PSB estadual. A vinda do ex-presidente era a última esperança da militância socialista para atingir o segundo turno e disputar o turno final com Marília.
Há quem acredite, inclusive, que foi uma espécie de troco do ex-presidente e do PT nacional por tudo aquilo que Danilo fez no passado. E o passado nunca fica onde se deixa. Não se pode apagar. O que se faz no passado, paga-se no presente. Porque tudo está conectado.
Aliada histórica – Ao recusar colocar seu DNA nos funerais do PSB em Pernambuco, Lula, raposa política, não quis, na verdade, atrapalhar a chegada ao poder de uma aliada histórica. Além de neta de Miguel Arraes, que teve um comportamento retilíneo com o petista em toda a sua trajetória, Marília, caso seja eleita, entra também na cota dos futuros chefes de Estado alinhados ao Planalto numa eventual retomada do poder pelo PT.
A chapa do petismo – Pelas pesquisas, Lula já fez também a leitura da livre manifestação do eleitorado petista no Estado, que está cravando nas urnas a chapa Lula presidente, Marília governadora e Teresa Leitão senadora. Basta só olhar como Marília se manteve intacta na liderança de todos os levantamentos, enquanto Teresa viu os ventos da vitória soprarem em sua direção sem nenhuma reação do seu candidato a governador.