Opinião: Eleitor petista ficou dividido e prejudicou candidatura de Danilo

Por Edmar Lyra – A base do Partido dos Trabalhadores (PT) não digeriu bem a aliança do partido com a Frente Popular. É o que se pode concluir após a análise dos resultados e ao ser observar a disparidade do percentual de votos em favor do candidato da Frente, Danilo Cabral, e da senadora eleita Teresa Leitão. Teresa acabou o pleito com uma votação na ordem de 46,1% dos votos válidos em todo o estado; Danilo recebeu 18,06% dos votos. Não que seja uma votação inexpressiva (ele obteve percentual próximo a outros quatro concorrentes ao governo), mas notadamente o voto do eleitor tradicional do PT ficou dividido em até três candidaturas, o que prejudicou o desempenho geral de Danilo.
Analistas políticos acreditam que a maior parte dos votos da base do PT foi para Marília Arraes, mesmo sendo ela do Solidariedade, e tendo composto chapa com aliados do PSD (no caso, André de Paula) e do Avante (Sebastião Oliveira). Toda a campanha de Marília contou com referências a marcas petistas, como a cor vermelha e como a fotografia do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. A candidata do Solidariedade obteve, ao final do primeiro turno, o equivalente a 23,9% dos votos do eleitorado. Nome posto em outras campanhas majoritárias, Marília finalizou a primeira etapa da eleição com quantidade de votos aquém do que previam todas as pesquisas divulgadas – no sábado passado, dia anterior ao pleito, ela chegou a aparecer nas pesquisas com 38% das intenções de votos válidos.
O restante dos votos petistas se dividiu entre as candidaturas de Danilo Cabral e de Raquel Lyra, onde parte do eleitor tradicional do PT mais alinhado com figuras como o senador Humberto Costa e o deputado estadual João Paulo convergiu para o socialista, enquanto outra parte caminhou para a candidatura de Raquel Lyra, refutando tanto o nome da Frente Popular quanto o da candidata do Solidariedade, como no Recife que deu a tucana a condição de majoritária no maior colégio eleitoral do estado, enquanto a própria Marília, segunda colocada em 2020 na disputa pela PCR, acabou amargando um terceiro lugar com apenas 18,6% dos votos válidos.