Disputas pelo tom dos discursos na campanha, pela influência em um eventual próximo governo, incômodo com o apoio de um colega a um adversário e até proibição de imagem no santinho. Esse cenário está longe de ser ideal para quem disputa a Presidência, mas são algumas das situações que os presidenciáveis já passaram desde o início da campanha.
O PT vive, nas últimas semanas, dois dilemas. Um envolvendo o ex-ministro Franklin Martins e o marqueteiro João Santana. Martins defende um estilo mais agressivo e coordena o site mudamais.com (com críticas duras à oposição), que era o oficial da campanha petista. Ele perdeu espaço, e o site foi desvinculado da campanha depois de um texto sobre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) ter irritado até a presidente Dilma. Apesar do entrevero, o partido diz que os dois (Martins e Santana) continuam se reunindo toda segunda-feira.
O outro impasse é uma divisão interna sobre o papel do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho. Os “dilmistas” pedem que ele deixe o governo agora para se dedicar à campanha, o que diminuiria a chance de ele estar em um segundo mandato da petista. Nos bastidores, Carvalho é visto como uma das únicas figuras que não temem a chefe.
CAFÉ COM LEITE
O PSDB também vive seus problemas. A briga do “café com leite” ainda assombra os tucanos. A manifestação mais recente que comprova a rixa nesta campanha aconteceu quando o governador Geraldo Alckmin disse que teria “muita alegria” em pedir votos a Eduardo Campos (PSB), adversário do tucano Aécio Neves à Presidência. Os tucanos tentaram abafar a divergência, argumentando que é bobagem “hostilizar” Alckmin e o PSB, já que contam com os votos dos socialistas em um eventual segundo turno com o PT.
Os embates entre mineiros e paulistas começaram na campanha de Alckmin em 2006 e prosseguiram em 2010, com José Serra. Ambos teriam acusado Aécio de se dedicar pouco a suas campanhas em Minas. Na única vez em que se manifestou a respeito do assunto, Aécio definiu a situação como “lenda urbana”.
EMBATE IDEOLÓGICO
No PSB as divergências têm caráter mais ideológico. Depois que a Rede Sustentabilidade se abrigou na legenda socialista, as práticas políticas de um grupo e de outro se confrontaram. O agronegócio, por exemplo, foi um setor que ficou incomodado com a presença da ex-senadora Marina Silva ao lado de Eduardo Campos.
O PSB tem 11 candidatos próprios e vai apoiar sete legendas. A Rede não emplacou ninguém de seus quadros na cabeça de chapa. Marina descartou subir em palanque ou autorizar o uso de sua imagem em santinhos de candidatos que não sejam os de filiados ao PSB ou apoiados formalmente pela Rede, como em São Paulo. E a campanha segue em frente. (Lucas Pavanelli)