Opinião : Caruaru e o risco de ficar sem deputado federal

Por Mário Flávio – Nunca numa eleição a cidade de Caruaru precisou tanto dos votos dos eleitores para manter cadeiras na Câmara Federal. A conta parece não bater para manter os atuais deputados majoritários na cidade e ampliar esse número é uma situação praticamente descartada.
Mais votado na cidade em todas as últimas eleições e o que deve acontecer de novo em 2022, Wolney Queiroz (PDT), está numa situação delicada. Pesquisas internas mostram ele aparecendo lá na frente das intenções de votos entre os eleitores da Capital do Agreste, mas problema é a regra eleitoral. O PDT precisa fazer cerca de 180 mil votos para eleger um nome e Wolney será o puxador de votos na legenda.
No entanto, os demais postulantes no partido não dão tanta esperança assim para o PDT chegar a essa marca. Fazendo uma rápida pesquisa entre os nomes da sigla, Isabella de Roldão, atual vice-prefeito do Recife, Dr. Sidney Ribeiro, Pedro do Pipa e mais as professoras Edvania Arcanjo e Rita de Cássia podem ajudar. Mas será uma conta dificílima. Por isso, os votos de Caruaru são essenciais.
Situação similar vive o segundo mais votado em 2018 na cidade. O jornalista Fernando Rodolfo (PL) na teoria seria o com mais condições de ser reeleito. O PL deixou uma condição boa se eleger até três nomes. Por ordem de votação devem chegar André Ferreira, irmão do candidato ao governo Anderson Ferreira e o Pastor Eurico. Se mantiver a votação de 2018 ou até menos um pouco menor, Fernando seria o terceiro na chapa. No entanto, nomes como Clóvis Correia, Coronel Meira, Evandro Alencar e Robson Ferreira correm por fora. Eles e os demais podem ajudar também Fernando. Além da votação do próprio Anderson para o governo.
Mas o maior problema do jornalista é justamente Caruaru e a entrada do radialista Dilson Oliveira no páreo. Ele iria disputar a eleição de deputado estadual, mas de última hora acabou sendo obrigado pelo partido a tentar uma vaga na Câmara. Dilson já pontua bem nas pesquisas e chama atenção pelo possível desempenho. Além de ser um concorrente direto de Fernando pela trajetória na Tv e no Rádio tem uma condição boa oferecida pelo União Brasil. Mas o problema de Dilson é a concorrência dentro do próprio partido.
Ele terá que superar a votação de Fernando Filho, irmão de Miguel Coelho, que disputa ã reeleição, o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar e o ex-ministro Mendonça Filho. Os três estão na expectativa de terem votação acima de 100 mil votos e os analistas acreditam que serão as três vagas da legenda para à Câmara. Com isso, Dilson precisa superar a marca de 100 mil votos, o que é uma conta complicada.
Além disso, ele ainda tem nomes como o de Galo Cego, Jacilda Urquiza, mãe da vice de Anderson Ferreira, Pastor Jairinho e Regina Lapa, formando uma chapa pesada.
Situação também complicada de eleição é a do empresário Tonynho Rodrigues, que vai disputar pela primeira vez a eleição pelo MDB. Carismático e filho do deputado estadual Tony Gel, dobra com o pai. Muitos acreditam numa boa votação dele, mas a concorrência dentro do MDB é pesada. Ele entra na disputa contra dois favoritos dentro da legenda. Presidente atual do partido e disputando à reeleição, Raul Henry na teoria seria uma vaga certa, mas o crescimento da campanha de Iza Arruda chama atenção. A filha do prefeito de Vitória e Raul devem polarizar e Tonynho pode ser o terceiro mais votado na chapa. Nesse caso, a expectativa é que apenas um nome entre e numa conta bem otimista, dois.
Tonynho precisaria ter mais de 60 ou 70 mil votos para brigar pela vaga, o que não será fácil, principalmente pela quantidade de candidatos na cidade de Caruaru. Além disso, nomes como o ex-prefeito do Cabo, Elias Gomes, Ninho, Priscila Ferraz e Zé Maurício também são potenciais de votos, o que dificulta ainda mais a vida de Tonynho. Ou seja, nunca os candidatos locais precisaram tantos de votos dos eleitores da Capital do Forró.
No Podemos, também é um caminho complicado para o ex-senador Douglas Cintra. O partido vai ter dificuldades para manter o mandato de Ricardo Teobaldo, concorrente direto de Cintra pela vaga. No entanto, outros nomes ainda seguem na legenda para somar e quem sabe ajudar ou complicar Douglas. São eles: Zé Negão e Flávio Vasconcelos. Por fim, o ex-vereador Gilberto de Dora e a ex-candidata a vice-prefeita, Ailza Trajao, pela Federação PT e PCdoB.
Situação delicada pra Daniel…
Apoiado pelo prefeito Rodrigo Pinheiro e pela candidata ao governo, Raquel Lyra, o deputado federal Daniel Coelho vai em busca de uma complicada reeleição. A situação dele é bem parecida com a de Wolney Queiroz, no PDT. Daniel será o puxador de votos na legenda, mas os demais nomes talvez não sejam suficientes para chegar a marca do coeficiente eleitoral e garantir pelo menos a manutenção do mandato de Daniel. Irão ajudar nessa conta Eduíno Filho, Rodolfo Albuquerque e Gláucia Andrade. Mas em tese, terão poucos votos e a eleição de Daniel segue ameaçada, com ele praticamente não aparecendo como reeleito entre os especialistas.
…Fator Guilherme
A decisão de Raquel Lyra em indicar Guilherme Coelho para o senado foi uma ducha de água fria na campanha de Daniel. A expectativa era que ele disputasse o mandato de deputado federal e com isso ajudasse aos votos com Daniel. No entanto, agora Daniel aposta nos apoios em Caruaru, com vários vereadores e a máquina municipal para dar uma guinada. Mas por enquanto, a situação não é animadora.
Anderson…
Outro candidato da terra é o vereador Anderson Correia. Ele tem um bom mandato e entrou na disputa pelo PP. Mas o partido deve ter os prováveis campeões de votos entre os deputados federais do estado. Devem passar da casa dos 100 mil votos a pastora Clarissa Tércio, Eduardo da Fonte e Lula da Fonte. Ainda existem nomes fortes como o do deputado federal Fernando Monteiro, que vai em busca da reeleição e a vereadora do Recife, Missionária Michelle Collins. Ou seja, Anderson deve ajudar mesmo na votação para tentar fazer três ou até mesmo quatro federais.
…Jorge e Fagner
Mais dois vereadores entraram na disputa para deputado federal. Jorge Quintino pelo Solidariedade terá uma missão também de ajudar em somar votos para a legenda. Duas mulheres devem ser as puxadoras de votos na chapa: Maria Arraes, irmã da candidata ao governo, Marília e Fabíola Cabral. No entanto, numa perspectiva muito boa e dependendo do desempenho de Marília poderia chegar até uma terceira vaga, mas nomes como Dr. Waldir, Zé da Luz e Zé Augusto Maia, além de Renata Monteiro e Charles Lucena estariam a frente dele. Já Fagner Fernandes entrou na disputa para ajudar em votos para somar com Wolney Queiroz.
O recorde…
Lembrando que na década de 1990 a cidade de Caruaru elegeu na mesma eleição quatro deputados federais: Wolney Queiroz, Tony Gel, Fernando Lyra e Roberto Fontes. Foi o recorde. De lá para cá, para manter um é uma agonia e esse ano todos terão a eleição mais complicada dos últimos pleitos e ficar sem representação no Congresso será terrível para uma cidade tão importante e de influência como é o caso de Caruaru.
Quem mais recebeu…
De olho nessa parada dura, dos deputados que têm mais raizes em Caruaru, Daniel Coelho foi o que mais recebeu verba do partido. Ele já tem em caixa R$1,6 milhão para usar na campanha. Na sequência aparecem Tonynho Rodrigues, que já recebeu R$ 700 mil do MDB e Wolney Queiroz, com R$ 600 mil do PDT. Lembrado que mais recursos devem ser liberados ou já foram e os partidos precisam atualizar essa conta.
…E os demais?
Fernando Rodolfo já recebeu cerca de R$ 500 mil do PL para os gastos com a campanha e o radialista Dilson Oliveira R$ 430 mil. Já os vereadores Jorge Quintino teve o registro da liberação de R$ 200 mil pelo Solidariedade, Anderson Correia R$ 150 mil do PP e Fagner Fernandes, cerca de R$ 70 mil do PDT. Douglas Cintra já conseguiu R$ 500 mil junto ao Podemos. Gilberto de Dora já recebeu R$ 30 mil e Ailza Trajano o montante de R$ 12,5 mil.