Por Magno Martins – Louco para ser candidato a senador na chapa do PSB, vaga que virou uma guerra dentro da Frente Popular, o deputado federal André de Paula (PSD) está longe de atender ao perfil de esquerda que o ex-presidente Lula deseja na composição da sua base no Senado, caso venha a ser eleito, conforme indicam as pesquisas. Além de carregar um histórico parlamentar contrário aos interesses dos trabalhadores no Congresso, André, DNA de direita, macielista de carteirinha e antipetista, votou a favor do impeachment de Dilma.
Votou, igualmente, a favor da terceirização para qualquer atividade em empresas públicas e privadas, medida que criou dificuldades para a grande massa dos trabalhadores. Oriundo do PDS, cria de Marco Maciel e adepto do oportunismo, André de Paula foi beijar a mão de Lula quando o ex-presidente esteve no Recife, a convite do PSB, na tentativa de ganhar a simpatia do PT na disputa pelo Senado. Cara pálida, saiu ridicularizado. No quarto mandato de deputado federal, nunca fez sinalizações nem um só gesto a favor dos trabalhadores.
Basta dar uma vasculhada na sua ficha parlamentar. Votou, por exemplo, favor da reforma trabalhista, perversa aos interesses da grande maioria dos trabalhadores, porque criou uma modalidade de trabalho sem direito a férias, 13º salário e FGTS; abriu outra modalidade de trabalho, sem carteira assinada e sem direitos trabalhistas e previdenciários, impedindo que o trabalhador receba bolsa e vale-transporte. Também reduziu o pagamento de horas extras para algumas categorias profissionais, como bancários, jornalistas e operadores de telemarketing.
A perversa reforma trabalhista, que André de Paula defendeu ardorosamente, aumentou também o limite da jornada de trabalho, restringiu o acesso à Justiça gratuita em geral, não apenas na esfera trabalhista e impediu juízes de anular pontos de acordos extrajudiciais firmados entre empresas e empregados, além de dificultar a fiscalização trabalhista, inclusive para trabalhos análogos à escravidão.
Sua postura na Câmara está longe, igualmente, dos interesses da sociedade e mais ligada a interesses próprios. Na condição de presidente estadual do PSD, votou para aumentar o fundo partidário, o chamado Fundão, de R$ 2 bilhões para R$ 5,7 bilhões. Bolsonarista disfarçado, votou com Bolsonaro no veto ao orçamento impositivo.
Reeleição complicada – O que se ouve nos bastidores na disputa pela vaga de senador da Frente Popular, que já teria batido o martelo no nome de Danilo Cabral para governador, é que André de Paula levaria uma certa vantagem frente aos demais concorrentes por ser uma indicação do PSD nacional, mas o presidente da legenda, Gilberto Kassab, não morre de amores por Lula e resiste em apoiar o petista no primeiro turno. Sem Kassab no palanque de Lula, o deputado direitoso e macielista terá que disputar a reeleição, o que parece luta inglória em razão do seu partido não ter chapa.