Por Nill Júnior – As pesquisas costumam explicar a política. Essa semana o Instituto Múltipla realizou mais um levantamento com a corrida dos candidatos ao governo do Estado, a primeira com a candidata do Solidariedade, Marília Arraes, no páreo.
Nela, Marília tem 23,9% contra 13,9% da ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB), 11% do ex-prefeito de Jaboatão, Anderson Ferreira e 5,6% do ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho. O Deputado Federal e governista Danilo Cabral, do PSB, aparece com 2,6%.
Mas os outros dados apresentados pelo Instituto apresentam muito mais condições de uma leitura futura, de projeção e desempenho dos candidatos do que o retrato objetivo do momento. É quando a ciência dos números é oferecida para uma análise de conjuntura política.
Por esse prisma, é certo dizer que, à medida que o processo for se intensificando, aquecendo, quando a campanha pegar pra valer, a curva de queda ou crescimento de alguns candidatos vai se intensificar. É o que dizem os analistas de pesquisas.
Considerando essa análise, mesmo que alguns candidatos invoquem que a eleição é para governador, a nacionalização vai embaralhar o jogo. Os maiores exemplos vem da projeção de crescimento de Danilo Cabral (PSB) e Anderson Ferreira (PL). Pelo alinhamento com Lulismo e Bolsonarismo, imperativamente vão crescer nas pesquisas, principalmente com o início do “pega fogo” da campanha. Some-se ao projeto de Danilo o apoio da maioria dos prefeitos do estado e o chamado voto de estrutura. Assim, chance de um dos dois ou até ambos no segundo turno não é remota.
Isso por outro lado explica a perspectiva de desidratação das campanhas de Raquel Lyra (PSDB) e Miguel Coelho (União Brasil). Tentando explicar, para ambos, a maior força é a maior fraqueza. Tem nos seus guetos eleitorais excelentes percentuais, tem força própria. Não chegaram até aqui com moleta ou apoio de ninguém. Mas é também essa condição que representa a grande chance de insucesso. Porque não ter um cabo eleitoral de peso mina os votos no curso da campanha. Eles tem tudo pra definhar.
E Marília? A primeira incógnita é de até quando mantém a liderança nas pesquisas, se cresce ou desidrata.
Mesmo que oficialmente o ex-presidente Lula anuncie apoio a Danilo Cabral, sabe-se que ela terá votos casados com o Lulismo. Mas é impossível dizer qual o impacto do uso da imagem do ex-presidente para a sua campanha, mesmo sem pedir votos para a candidata. Esse cenário e o teto só será possível de aferir com o início efetivo da campanha oficial, guia eleitoral e atos da corrida. Ainda há outros fatores como estrutura de campanha, tempo de guia, adesões. De toda forma, pelo recall das eleições anteriores e momento da sua candidatura, Marília tem possibilidade de também chegar ao segundo turno. Assim, desses três nomes, provavelmente estão os dois que chegarão ao segundo turno.
Claro, essa posição com base na avaliação de quem está fazendo a leitura dos números, não é à prova de questionamentos, fatos que impactem na corrida sucessória e intempéries do processo. É uma previsão fundamentada no que os números mostraram até agora. Amanhã, uma notícia, uma nova aliança, mudanças na estratégia, uma bomba no noticiário, podem dar novo rumo ao debate. Pode acontecer tudo, menos nada…