Por Elielson Lima – Pernambuco vivenciou alianças políticas históricas. O movimento pelas Diretas Já, a União por Pernambuco, a Frente Popular, e a aliança entre Jarbas e Eduardo Campos são alguns dos mais recentes. Agora, um novo capítulo está sendo escrito e tem data marcada: segunda-feira, 16 de maio.
A aliança entre Marília Arraes e André de Paula é um daqueles movimentos de peso histórico. Políticos experientes e já consagrados nas urnas, ambos até estiveram juntos em palanques recentes da Frente Popular, mas não com o protagonismo que passam a assumir agora. O que nos remete a uma história que durou mais de 40 anos.
Marília e André são hoje as principais crias políticas de dois expoentes do nosso estado, os ex-governadores Miguel Arraes e Marco Maciel, respectivamente. Duas figuras de campos antagônicos, que estiveram no mesmo lado apenas na luta pela redemocratização. Mas que, por coincidência ou não, nunca duelaram nas urnas pelo mesmo cargo.
Arraes se elegeu prefeito do Recife em 1959 e governador em 1962. Quatro anos mais tarde, Maciel estreava nas urnas, sagrando-se deputado estadual, já durante o exílio do Pai Arráia. Nesse período, Maciel também se elegeu deputado federal, em 1970 e 1974, e foi indicado como governador biônico de Pernambuco, entre 1978 e 1982.
Arraes só voltaria do exílio em 1979, e se elegeria deputado federal em 1982, ano em que Maciel chegava pela primeira vez ao Senado. Em 1986, ainda pelo MDB, Arraes voltava ao Palácio das Princesas “pela porta que saiu”, como dizia o famoso jingle da época.
A eleição de 1990 repetiria os resultados de 1982, com Arraes federal e Maciel senador. Em 1994, Arraes conquistava seu terceiro mandato como governador, enquanto Maciel era alçado à vice-presidente da República. Em 1998, quando se iniciou a reeleição, Arraes foi derrotado por Jarbas, enquanto Maciel era reeleito. A última eleição com ambos foi em 2002, e ambos novamente eram eleitos como deputado federal e senador, a exemplo de 1982 e 1990. Arraes morreria em 2005, aos 88 anos. Maciel ainda disputou a reeleição ao Senado em 2010, quando sofreu sua primeira derrota eleitoral. Se isolou em função de problemas de saúde, e veio a falecer no ano passado, aos 80.
Assim como seus padrinhos políticos, Marília e André não concorrerão ao mesmo cargo. Porém, darão novos rumos a uma história de quatro décadas, se juntando no mesmo palanque. Disputarão os cargos que seus padrinhos mais exerceram, ambos por três vezes cada.
A coletiva desta segunda-feira é, portanto, um importante capítulo na política de Pernambuco.