Por Magno Martins – O primeiro capítulo que antecede o anúncio oficial da candidatura do PSB ao Governo de Pernambuco em 2022 é cheio de intrigas e manobras escabrosas. O nome natural era Geraldo Júlio, praticamente uma unanimidade no partido e na chamada Frente Popular. Ocorre que houve um conflito violento entre Geraldo e Paulo Câmara, inclusive culminando numa explosão do ex-prefeito, normalmente uma pessoa contida, que acusou Câmara, em pleno palácio, aos gritos, das mais tenebrosas traições, de todos os tipos.
A verdade é que Geraldo foi o responsável direto pela reeleição de Câmara, tendo respondido tanto pela articulação para o PT continuar na Frente Popular em 2018 quanto por todos os aspectos logísticos, inclusive assumindo riscos monumentais. Ocorre que Câmara não cumpriu com os compromissos assumidos e realizou a mais vergonhosa arapuca contra quem salvou sua reeleição, o então prefeito do Recife e sucessor natural de Eduardo Campos.
Frente a esse drama, Geraldo teve a dignidade, que reconheço aqui como seu mais ferrenho crítico, de não mais confiar nas palavras e ações do traiçoeiro Paulo Câmara. Esse é o pano de fundo para a saída de Geraldo, que praticamente ninguém acreditava que fosse acontecer. Então Câmara coloca o secretário José Neto, com quem tenho as melhores relações pessoais, como boi de piranha, num disfarce que até eu acreditei.
Hoje vejo que José Neto jamais seria aceito pela família Campos, sobretudo porque vem de uma origem conservadora, sobrinho de Joaquim Francisco e sem qualquer histórico na chamada esquerda. Mas quem estava por trás de tudo, sabe-se hoje, era o próprio Danulo, a quem Paulo tem uma ligação umbilical, não apenas como colega do Tribunal de Contas, mas de intimidade pessoal, tendo inclusive sido chefe de gabinete de Danulo quando este foi vereador do Recife.
Vale registrar que o próprio Paulo apoiou Danulo como candidato em 2014, mas Eduardo Campos falou que não tinha confiança pessoal nele e terminou optando por Paulo. Danulo e Paulo sabiam que Renata e toda a família Campos viriam com o nome do deputado federal Tadeu Alencar, sogro da única filha de Renata. E vetaram o nome de Tadeu usando a mesma fórmula que aplicaram para Eduardo Campos em 2014: jogo sujo e baixo contra Tadeu, com falsas acusações de ordem moralista.
Assim, Câmara foi curto e grosso com Renata e a família Campos: “Tadeu eu não aceito, pela mesma razão que Eduardo não aceitou”. E funcionou, com a bola passando leve e solta para os pés ávidos de Danulo. Ou seja, Paulo Câmara conseguiu emplacar seu candidato e antigo chefe, passando para trás a família Campos e Geraldo Júlio. Tudo foi adredemente calculado e preparado, num jogo maquiavélico.
Mas a culpa maior foi de Renata e seu aprendiz de prefeito, pois podiam ter colocado o nome legítimo e natural de Luciana Santos, que inclusive poderia fazer o mesmo que o governador Flávio Dino, filiando-se ao PSB. Com isso, o plano de ter João Campos como o governador mais jovem da história de Pernambuco em 2026 poderia funcionar, pois Luciana não teria como ir para a reeleição. Mas agora o sonho do aprendiz de prefeito e sua genitora vai sucumbir, frente à desmesurada ambição da dupla dinâmica Danulo e Câmara Lenta.