Por Edmar Lyra – Eleito para o terceiro mandato, sendo o político mais longevo da história do país à frente da presidência numa democracia, Lula chegará em janeiro de 2023, exatamente vinte anos após a sua primeira oportunidade, ao Palácio do Planalto fruto de uma eleição polarizada, a menor diferença da história entre o primeiro e o segundo colocado.
Esta divisão não aconteceu apenas na eleição, veio de um processo que se instaurou nos governos do PT e se agravou nos últimos dez anos, pois desde as manifestações de 2013 que o país experimenta uma elevada temperatura que culminou em impeachment de Dilma Rousseff, atentado contra candidato a presidente, prisão de ex-presidentes e que ficou mais latente no último domingo com uma diferença ínfima entre Lula e Jair Bolsonaro.
Aos 77 anos de idade, Lula mostrou que é a maior liderança política da história do país, enfrentou um adversário extremamente competitivo que cresceu no antipetismo e que se não tivesse o petista como adversário, certamente teria vencido mais uma eleição. Para isso, Lula convergiu para o centro, buscou seu antigo adversário Geraldo Alckmin para a sua vice-presidência e acabou vencendo a eleição, mesmo que por uma diferença ínfima de votos.
O presidente eleito, claramente na sua última missão na política, uma vez que anunciou que não pretende disputar a reeleição, terá a incumbência de buscar uma maior convergência do que seu antecessor em diversos setores da sociedade. Será dando respostas à economia, geração de emprego, distribuição de renda, diálogo com o Congresso Nacional, relação harmônica com o Supremo Tribunal Federal e cordial com a imprensa, que Lula poderá ajudar a pacificar o país.
Político experiente, curtido na adversidade, Lula poderá entregar o país, ao término do seu mandato, numa condição de menor convulsão social e maior diálogo entre as partes envolvidas. Sendo um governo de transição para o diálogo e a convergência, Lula terá cumprido bem a missão que a maioria dos brasileiros lhe conferiu no último domingo.