O padre que é sinônimo de recomeço…

Um dos sacerdotes mais aclamados da Igreja Católica no Brasil, o padre Marcelo Rossi estará de volta a Pernambuco para uma grande apresentação no dia 1º de outubro. Conhecido por cativar multidões, ele participará da celebração dos 50 anos da Renovação Carismática Católica, que será promovida pela Comunidade Obra de Maria na Arena de Pernambuco, em São Lourenço da Mata. Há 15 anos o religioso não fazia show no estado. Em 2016, ele esteve no Recife para uma tarde de autógrafos, quando lançou o livro Ruah – quebrando os paradigmas de que gordura é saúde e magreza é doença. 

Portador de discopatia degenerativa, doença caracterizada como artrite na coluna vertebral, que lhe causou depressão e anonrexia, padre Marcelo deu a volta por cima. Fala sem problemas sobre momentos difíceis do tratamento e sua recuperação. Com 50 anos completados em 20 de maio, diz que chegou a perder o colorido da vida. “Aconteceu quando perdi meus cachorros e depois quebrei a perna. Ganhei o prêmio Van Thuan de Evangelizador moderno, me acomodei, e fiquei com depressão”, desabafou. O religioso enfrentou obesidade e magreza extrema. Passou um período recluso. 

Marcelo teve que se reinventar. Reconhece que a luta para não voltar ao quadro é diária e orienta todos a estar em contato direto com Deus. “É preciso vigiar os pensamentos negativos que querem se alojar na nossa mente. Investir na leitura da Palavra de Deus e de bons livros, preencher a mente com coisas boas e prevenir doenças. Você é o principal responsável pelo que vai entrar na sua mente. Escolha com sabedoria e uma paz que vem de Deus irá invadir seu coração. Você será feliz e vencerá a depressão. Jesus morreu por você pessoalmente, para que você tenha vida plena e feliz”, aconselha. 

Continua…

Conhecido pela forma desembaraçada e alegre de rezar, Marcelo Mendonça Rossi nasceu no bairro de Santana, em São Paulo, no mesmo ano em que o Movimento da Renovação Carismática Católica (RCC) foi criado no país. Em junho passado, o sacerdote esteve em Roma, onde participou do Jubileu de Ouro da RCC. “Foi uma experiência única. Agradeço a Deus e às pessoas que me proporcionaram isso. Voltei com a bateria recarregada para continuar meu ministério com amor e ardor missionário”, comenta.

Considerado uma celebridade religiosa, sempre diz que seu objetivo é trazer de volta os católicos à Igreja. Marcelo tem hoje mais de 4,8 milhões de seguidores no Facebook. Suas entradas ao vivo nas missas televisionadas rendem mais de 1,5 milhões de views. Entre compartilhamentos de posts nas redes sociais e comentários, são cerca de 20 milhões de interações diárias. De segunda a sábado, da 0h à 1h, o religioso apresenta o programa Momento de fé, transmitido pela Rádio Clube FM, com reapresentações de segunda a sábado das 7h às 8h, nas rádios Clube FM e AM. 

Seu segredo para tanto carisma ele diz que vem da pura graça do Espírito Santo. “Meu lema sacerdotal está em II Coríntios 4,7: ‘Porém, temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que este poder extraordinário provém de Deus e não de nós’. Sou apenas uma caneta na mão do escritor. Ele escreve e faz de mim o que bem achar”, resume. E finaliza dizendo que a Igreja precisa de sacerdotes que tenham, em primeiro lugar, um encontro pessoal com Deus. Afinal, ressalta, servir a Deus não é uma obrigação, mas um privilégio. 

VOCAÇÃO

O fundador da Obra de Maria, Gilberto Barbosa, destaca a importância do padre. “Neste ano estamos celebrando os 50 anos da Renovação Carismática. Nada mais justo do que o padre Marcelo abrilhantar o evento. Ele é bastante popular entre os católicos e ajudou bastante o movimento, com suas músicas e sua forma diferenciada de chamar os fiéis a rezar”, acrescenta. Barbosa  ressalta que a vocação do padre nasceu na RCC, pois foi apresentado ao movimento pelos pais. Ele lembra que o sacerdote foi pioneiro em uma forma alegre de divulgar o Evangelho pela música, mesmo sob críticas no começo. “Hoje todas as paróquias seguem essa forma de rezar, com muitos cânticos”, observa, ressaltando que Marcelo virou referência de outros sacerdotes.

A fé no poder de Nossa Senhora Aparecida

Cheio de novos projetos, em 12 de outubro o padre Marcelo Rossi lançará seu sétimo DVD, Imaculada. A obra surgiu para comemorar os 300 anos da aparição da imagem da Imaculada Conceição no Rio Paraíba. Acreditando no poder e na intercessão de Nossa Senhora Aparecida, o sacerdote dedicou a nova produção a ela. “Possamos entender que temos uma mãe que nos ama e intercede por cada um de nós. Dizia São Domingos que quem invoca Maria jamais fica sem ser atendido, que possamos retornar o nosso amor filial por Maria, pois ela é nossa mãe e advogada”, diz.

Para o padre, o DVD não é um marco de sua carreira musical, mas um recomeço. “Tudo até agora foi aperitivo do que vem pela frente, de uma página em branco, de uma nova trajetória que inicio e será maravilhosa”, afirma o padre, confiante no sucesso do trabalho. A gravação foi realizada no Santuário Mãe de Deus, na Zona Sul de São Paulo, em agosto deste ano. Traz louvores a Nossa Senhora e reforça a mensagem de recomeço. Fiéis lotaram o local cantando melodias como Chuva de graça, Erguei as mãos e Anjos de Deus e outras músicas do repertório de 14 canções. 

Ao longo de 20 anos, padre Marcelo já vendeu mais de 20 milhões de CDs e 12 milhões de livros. Em 2010, recebeu do então papa Bento XVI o Prêmio Cardeal Van Thuan, de “Evangelizador do Milênio”. 

Marcelo Rossi expressou o desejo de ser padre ainda pequeno. Ele lembra que falou para a mãe, mas ela teria dito que não era hora de decidir que era preciso estudar, formar-se e trabalhar. “A vontade passou. Namorei, fiz musculação, servi ao Exército e me afastei daquilo em que acreditava. Vivi a vaidade”, confessa. O despertar da sua vocação, no entanto, aconteceu quando estava sozinho em casa e assistia a uma corrida de Fórmula 1 na qual Ayrton Senna sagrou-se campeão mundial.

 “Senna levantou as mãos agradecendo a Deus pela conquista. Naquele momento, algo espiritual aconteceu. Deus me mostrou que eu vivia uma vida longe dele. Fui à missa, me confessei e contei aos meus pais quando eles voltaram para casa. Daquele dia em diante, nunca mais fui o mesmo. Tive certeza que queria ser padre”, afirma.

Por causa do problema na coluna, ele sempre gostou de se exercitar. Em 1989, Marcelo Rossi formou-se em educação física, chegando a trabalhar como professor antes de entrar para o seminário. Depois, fez outras duas graduações: filosofia pela Universidade Nossa Senhora Assunção e teologia pela Faculdade Salesiana de Lorena, ambas em São Paulo. Foi ordenado em 1º de dezembro de 1994.