O leigo mais influente do mundo na hierarquia da Igreja Católica é de Pernambuco…

Filho de um marceneiro e uma dona de casa. Natural de Boca de Dois Rios, comunidade que fica na divisa entre os municípios de Surubim e Bom Jardim, no interior do estado. Nascido com ajuda de uma parteira, numa Sexta-feira da Paixão, no dia 12 de abril de 1968. Carismático, sorridente e cristão. Um homem que circula entre os corredores suntuosos do Vaticano, na Itália, e as estradas de chão batido da África. A descrição é de Gilberto Gomes Barbosa, 49 anos.

Hoje, o “matuto” do Agreste pernambucano é um dos organizadores do Jubileu de Ouro da Renovação Carismática, que terá início a partir do dia 31, em Roma, a capital italiana. Gilberto ocupa o mais alto posto que um leigo poderia ter na hierarquia da Igreja Católica como presidente da Fraternidade Internacional das Novas Comunidades de Vida e Aliança de Direito Pontifico (Frater). Ele é o primeiro brasileiro a exercer essa função e está no segundo mandato.

Essa é a história do leigo de maior influência da Igreja Católica no mundo, que se encontra com o papa cerca de seis vezes ao ano, representa aqueles que se sentam nos bancos da Igreja e seguem o mesmo credo. A Frater foi criada pelo Conselho Pontifício para os leigos, em novembro de 1990, com o objetivo de integrar cerca de três mil novas comunidades ligadas à Renovação Carismática Católica do mundo. No Brasil, estima-se uma população de católicos carismáticos de 3,8 milhões, todos influenciados pelo pernambucano. Gilberto usa uma medalha no peito com a imagem do Cristo Crucificado no Calvário, ao lado de Maria e o discípulo João aos pés da cruz. De forma tímida, ele aperta as mãos ao contar as histórias de Deus, fixa os olhos para o alto, como se estivesse sonhando, e sorri como se fosse menino do interior. A receita para não se perder entre a suntuosidade do Vaticano e as missões que realiza na África, através da Obra de Maria, do qual é fundador, é simples: dedicação ao que ele chama de “mistério do sofrimento”. Ao longo da vida, Gilberto já se encontrou com três papas – João Paulo 2º, Bento 16 e Francisco. Fez cerca de 50 viagens ao Vaticano, desde 2013, e já visitou a África aproximadamente 50 vezes.

Continua…

“O mesmo carinho que eu vou para um hotel cinco estrelas, eu sinto quando durmo no chão da África, sem luz, sem água encanada. Eu amo a África. O mesmo avião que eu saio daqui para ir a Roma, vou com a mesma felicidade à África”, conta Gilberto, que conversou por quase duas horas com a equipe do Diário, na sede da Obra de Maria que fica na Várzea, Zona Oeste do Recife. Lá, naquele bairro, ele começou o ministério que o tornou conhecido no Brasil e no mundo, no início da década de 1990.

A Obra de Maria surgiu num casarão da Várzea, de cores azul e branco, como as do manto da mãe de Jesus, e hoje se estendeu para 17 países, entre eles, Moçambique, Costa do Marfim, Angola e Cabo Verde. A instituição foi fundada por Gilberto com ajuda de Maria Salomé, cofundadora, cerca de cinco anos depois que ele começou a frequentar a Canção Nova, no município de Paulista. O religioso passava de ônibus quando avistou o casarão que não tinha sequer portas e resolveu que, ali, seria um espaço para servir a Deus. Todas as modificações no imóvel aconteceram de forma quase milagrosa. A Obra de Maria tem cerca  de 2,7 mil missionários e é expoente da Renovação Carismática de Pernambuco. (Diário de Pernambuco)