Por Jornada Mundo – O albatroz-viajante (Diomedea exulans) é um verdadeiro ícone da aviação natural, detentor do recorde mundial de voo contínuo. Essas aves majestosas conseguem cruzar oceanos por até 16.000 km em 46 dias sem tocar a terra ou a água, graças a uma técnica de voo impressionante e uma adaptação fisiológica única: dormir com metade do cérebro desligada enquanto a outra metade continua a pilotar.
Com a maior envergadura do reino alado, chegando a incríveis 3,5 metros, o albatroz utiliza suas asas gigantescas para planar sobre as correntes de vento do Oceano Antártico. Através de uma técnica chamada dynamic soaring (voo dinâmico), a ave “surfa” nos gradientes de vento sobre as ondas do mar, ganhando velocidade e altitude com zero batidas de asa por horas a fio. Eles mantêm uma velocidade média de 80 km/h, gastando energia equivalente a ficar parado.
A capacidade de voar sem parar por meses é possível graças ao “sono uni-hemisférico”. Isso significa que uma metade do cérebro dorme profundamente enquanto o outro hemisfério permanece alerta, controlando a navegação e detectando predadores. O olho conectado ao lado acordado permanece aberto, garantindo a segurança e o curso durante o descanso de 8 a 12 horas diárias no ar.
Os albatrozes são aves de vida longa, vivendo entre 50 a 60 anos, e são estritamente monogâmicos, formando casais que permanecem juntos por toda a vida. Eles retornam anualmente à mesma ilha subantártica para o período de reprodução, que é um dos mais longos entre as aves, com os filhotes levando nove meses para se tornarem adultos e voarem. Após esse período, os adultos podem passar até 12 meses inteiros sem tocar em terra.
A dieta do albatroz consiste principalmente em lulas e peixes capturados na superfície. Infelizmente, o hábito de seguir navios pesqueiros em busca de restos descartados os torna extremamente vulneráveis aos anzóis de espinhel, a principal causa de morte não natural. A população global caiu 30% em 50 anos, e a espécie é classificada como “vulnerável” pela IUCN. Esforços de conservação são vitais para proteger essas aves majestosas.
O folclore náutico considera o albatroz a alma de um marinheiro morto, e matá-lo é um presságio de extremo azar, uma superstição popularizada pelo poema “The Rime of the Ancient Mariner”.
Para quem sonha em ver essas aves incríveis, a Península de Otago, na Nova Zelândia, abriga a única colônia de reprodução continental do mundo e oferece observatórios para admirar essas criaturas a poucos metros de distância.