Eleito deputado estadual em 1994 pelo PMDB com 16.137 votos para o seu primeiro mandato, Guilherme Uchoa iniciava, há 24 anos, uma trajetória de seis mandatos de deputado estadual, tendo chegado ao ápice em 2010 quando conquistou seu quinto mandato com 99.953 votos, sendo o terceiro mais votado daquele pleito.
Em 2006 foi um dos primeiros a apoiar a candidatura de Eduardo Campos ao governo de Pernambuco, isso após ter trabalhado na pré-campanha para que Armando Monteiro disputasse o governo naquela ocasião. Com a sua desistência, já rompido com o governo Jarbas e sem vontade de votar em Humberto, apostou em Eduardo Campos, que acabou vitorioso.
Na primeira eleição de presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, Guilherme travou uma batalha com José Queiroz pela indicação do PDT para o posto, mas acabou logrando êxito por conta de uma particularidade de Caruaru. Com o voto de Miriam Lacerda, esposa de Tony Gel, e adversário de José Queiroz, Guilherme ascendeu ao comando Poder Legislativo estadual.
A partir de então foram longos 11 anos e seis meses de mandato na presidência da Alepe, consolidando-se como o mais longevo presidente daquele Poder, desbancando Romário Dias, que teve três mandatos consecutivos e deixou a Casa para ser Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, e até então o deputado com mais tempo na presidência.
Guilherme tinha a política como um verdadeiro sacerdócio, exerceu o poder com maestria, sendo truculento e amável, conforme necessitasse a ocasião. Vários ex-deputados neste período de quase doze anos foram abrigados por ele na estrutura da Casa. Sempre que um colega ficava sem mandato, lá estava Guilherme para dar-lhe a mão, atitude escassa no meio político, uma vez que a atividade geralmente descarta quem não tem mais mandato.
Entre os servidores da Casa também era muito respeitado, pois os valorizou como nenhum presidente fez. A Alepe ganhou uma modernização com um novo plenário e um novo edifício de gabinetes que trouxeram melhor qualidade de trabalho tanto para os deputados quanto para os servidores da Casa.
A partida de Guilherme no dia de ontem findou um ciclo que jamais será esquecido. Guilherme Uchoa foi tão intenso para aquele Poder Legislativo que a história da Assembleia poderá ser dividida entre antes e depois de Guilherme Uchoa, tamanha a largueza de seus gestos e forma de trabalho. Perdeu a família, perdeu a Alepe, perdeu o Judiciário, perdeu os amigos, enfim, perdeu Pernambuco com a sua triste partida, mas sua história jamais será esquecida, pois ele escreveu seu nome entre os mais importantes homens públicos do nosso estado. (Por Edmar Lyra)