Referência na segurança pública pelos projetos sociais associados à repressão, a Colômbia virou vitrine para os gestores da América Latina. É o caso do governador Paulo Câmara (PSB). Nas redes sociais, ele disse que em Medellín está tendo a oportunidade de conversar com pessoas que tiveram um papel fundamental na queda das estatísticas da violência, como Jorge Melguizo, ex-secretário de Cultura do município.
A cidade de Medellín era conhecida como a mais violenta do mundo na década de 90, segundo a ONU. Porém, atualmente é vista como um modelo no combate ao tráfico de drogas, após reduzir os índices de violência. O país pode servir ao Brasil como um exemplo, já que o País enfrenta uma grande crise na segurança pública.
“Juntos, visitamos a Comuna 13, uma comunidade que consegue resumir bem como o poder público pode constituir um novo ambiente social com respeito e estímulo à valorização da identidade local. Uma criação coletiva, que encontra nos mais diferentes tipos de integração um ponto de partida para a atuação do Estado”, escreveu o governador.
Pernambuco vem tentando algo parecido. Os dois COMPAZ construídos pela Prefeitura do Recife são iniciativas importantes para a capital nesse sentido, inspiradas no modelo colombiano – ainda que tenham sido elaborados com proposta, em um aspecto, diferentes dos equipamentos da Colômbia: lá são as próprias bibliotecas equipamentos públicos; aqui, são equipamentos públicos com bibliotecas dentro, o que faz muita diferença.
Só o COMPAZ Ariano Suassuna possui 12 mil pessoas cadastradas, através de suas atividades, contribuiu para uma redução de 8% da violência nos bairros de seu entorno, em se comparando com os números da violência na cidade como um todo, que aumentaram no período. Mudar a maneira de olhar para o público é urgente.
A exemplo da Colômbia, estimular isso vai gerar cidadãos mais críticos, participativos e conscientes dos papéis sociais que podem exercer. Os parques-bibliotecas e os inúmeros eventos culturais nessas cidades são prova disso. Para se ter uma ideia, nos anos 90, Medellín tinha 380 homicídios para cada 100 mil habitantes, o que lhe rendeu o título de cidade mais violenta do mundo.
Os números da violência foram caindo com a implantação do processo de cultura cidadã e chegaram, em 2016, a apenas 21 homicídios por cada 100 mil habitantes. Com inúmeros projetos de música, teatro, dança, arte e literatura, a cidade vem enfrentando com êxito a violência e a pobreza – o que se refletiu também na economia: desde 2010, o produto interno bruto da região vem crescendo acima de 3% ao ano. (Magno Martins)