Nordeste registra menor impacto econômico da Covid-19, em agosto

Folha de Pernambuco

Desde que chegou ao Brasil, a Covid-19 trouxe prejuízos à economia. No entanto, quanto ao cenário das empresas em funcionamento no país (3,4 milhões de empresas), 37,9% delas informaram que a pandemia trouxe um efeito pequeno ou inexistente em suas atividades. Já o Nordeste foi destaque entre as regiões do país e fechou o mês de agosto com menor efeito negativo (24,7%). Em paralelo, a região também se destacou de forma positiva. É que 4 em cada 10 empresas alegaram ter um efeito positivo com a pandemia neste mesmo mês. Os dados são da ‘Pesquisa Pulso Empresa – Impacto da Covid-19’, divulgados ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Observando o impacto nas empresas do Nordeste, é possível verificar os efeitos negativos. Na 2º quinzena de junho, 72.1% das empresas sinalizaram uma consequência negativa. Já na segunda quinzena de agosto, o número de empresas que sofrem com as implicações da Covid-19 caiu para 24,7%, o que representa um número quase três vezes menor. 

E foi somente neste mês de agosto que dona do Dogão Hot-Dog, Alessandra Rodrigues, percebeu melhora em sua empresa no ramo de alimentação. “A princípio nosso negócio foi impactado. A gente atendia cerca de 100 pessoas por dia na região da praça da Várzea, mas com a chegada da pandemia tivemos que reinventar o negócio”, conta. Ainda segundo ela, com a retomada das atividades econômicas no Estado, a empresa que se mantia em rédeas curtas passou a ter mais fôlego. “A vida está normalizando, funcionário voltando. Mas isso só foi possível porque nos reinventamos para manter a empresa funcionando. No mês de agosto foi quando as vendas de fato voltaram ao padrão anterior a pandemia”, acrescenta. 

Para o economista da Fecomércio-PE, Rafael Ramos, o Nordeste sofreu muito no início da pandemia, mas conseguiu se recuperar por conta de programas emergenciais. “Logo em abril, quando teve início o pagamento do auxílio emergencial, a região Nordeste começou a atenuar os impactos da Covid-19, de maneira positiva”, destacou o economista. 

Com mais dinheiro no bolso, os consumidores têm o poder de compra ampliado, o que favoreceu as empresas da região Nordeste, explica Ramos. “A gente tinha uma parte da população com uma renda de R$ 100 ou R$ 150 por mês. Com a injeção de R$ 600, com exceção das mães de família, que recebem R$ 1.200, as pessoas tiveram a renda multiplicada”, complementa. Além do auxílio emergencial, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) emergencial, também foi um agente garantidor de maior poder de compra, o que favoreceu as empresas, principalmente no segmento de móveis, eletrodomésticos e supermercados, que sinalizaram o bom desempenho.