Ao lado da presidente Dilma Rousseff, o principal líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile fez nesta sexta-feira (20) um discurso em que defendeu a petista, atacou os ministros da presidente e convocou a militância para voltar às ruas no próximo dia 7 de abril. “Nenhum ministro aqui no Brasil deve se sentir superior ao povo” afirmou.
Apesar de defender a escolha de Dilma, destacar que ela foi legitimamente eleita, Stédile fez críticas ao ajuste fiscal e disse que o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, deveria debater suas medidas para recuperar a economia com os trabalhadores. “Os ministros da senhora têm que ser mais humildes. Humilde para ouvir o povo, para saber quais são as propostas (que o povo quer)”, afirmou. “Se o orçamento tem problema, por que o “seu Levy” não vem discutir conosco.”
O líder do MST disse que não dá para fazer ajustes econômicos “apenas cortando gastos sociais”. “Quem tem que pagar a conta não são os trabalhadores. São os ricos e os milionários”, defendeu.
Stédile, que atendeu ao chamado do ex-presidente Lula e levou o MST às ruas no último dia 13 em favor da presidente Dilma e do PT, iniciou sua fala com duras críticas ao modelo de agronegócio e disse que a presidente foi “enganada” ao ser levada para ver a colheita de soja no ano passado, pois não disseram a ela que o Brasil é um grande “exportador de veneno” graças ao agronegócio. “Queremos um novo modelo agrícola, que se baseei na produção de alimentos saudáveis para evitar que continue a proliferação do câncer”, afirmou.
Com críticas também ao BNDES, a Conab e ao Incra, Stédile afirmou que a presidente precisa colocar no comando dessas instituições pessoas de sua confiança. “O Incra virou uma tapera velha. Não dá para continuar assim, (ao escolher nomes) não olhe para partidos, que entram lá para fazer sua ‘cotinha’ medíocre”, afirmou.
Stédile elevou bastante o tom ao criticar a mídia e convocar novos atos em defesa da presidente. Segundo ele, por trás do movimento dos que foram às ruas no dia 15 de março contra Dilma está “uma classe média reacionária”. Para ele, “quem quer tirar a Dilma, que é quase uma santa”, é a classe média que não aceita o avanço dos mais pobres, “que não quer assinar a carteira da empregada”, que “não aceita que o povo tem um pouquinho mais de direitos”.
“O golpe não é contra o governo é contra os pobres”, afirmou Stédile. Segundo ele, atrás dos cartazes de “Fora Dilma” e “Fora PT” está uma articulação da mídia. Citando especificamente a TV Globo, Stédile afirmou que a emissora é “verdadeiro partido ideológico do País”.
Stédile disse ainda que os trabalhadores estão dispostos a discutir e ocupar as ruas para debater ideias. “Sejam um pouco mais politizados venham para a rua debater ideias, não com desvios fascistas e reacionários”, afirmou.
O líder do MST disse ainda que o movimento não pode e não vai abandonar as ruas e disse que ontem as centrais sindicais se reuniram e decidiram que no dia primeiro de abril serão realizadas plenárias para articular a militância que vai voltar às ruas no dia 7 de abril e lembrar “o horror do golpe militar”.
Stédile defendeu ainda a realização de um plebiscito para a realização da reforma política e disse que a corrupção, que é o tema da “moda”, está restrito a uma meia dúzia de gerentes que roubaram a Petrobras e que é preciso mudar o modelo de financiamento de campanhas. “As dez maiores empresas elegeram 70% dos parlamentares, e não a Petrobras”, disse.
Stédile falou em evento do qual participa a presidente Dilma, na cidade de Eldorado do Sul (RS), que abre a colheita do arroz ecológico com inauguração de uma unidade de secagem e armazenamento do produto da Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre (Cootap). (Agência Estado)