Por Ricco Viana/Blog da Folha – Após o encerramento das eleições municipais, o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB), reafirmou que o momento é de desarmar os palanques. Ao comentar como ficará a relação com o Governo Raquel Lyra (PSDB) após uma disputa acirrada em diversas cidades, o gestor garantiu que manterá as parcerias institucionais que forem importantes para a cidade.
As declarações foram dadas durante a participação do gestor recifense no programa Roda Viva ontem. A entrevista contou com a presença da colunista da Folha de Pernambuco, Betânia Santana.
“Não se governa em cima do palanque. Eu nunca vou deixar de fazer parcerias com o que for importante para o Recife”, afirmou o prefeito, destacando que o objetivo maior é beneficiar a população.
Campos também comentou sobre o desempenho de partidos aliados ao governo Raquel Lyra nas eleições municipais. “Acho que na política uma premissa fundamental é respeitar todos os adversários. Ninguém está morto dentro da política”, disse João.
Apesar de ressaltar respeito, João Campos avalia que a oposição saiu mais forte das eleições municipais.
“A gente obteve a maior vitória de uma oposição na história do estado de Pernambuco. Em média, você tem os governos de 2000 para cá com uma base de 120 prefeitos, pelo menos. Hoje, quando você pega o arco de alianças formais dá menos de 90 prefeitos na base do governo e 91 na oposição. Isso é um resultado nunca antes alcançado. Nos 10 maiores colégios eleitorais, seis prefeitos ligados ao nosso conjunto e três ligados ao conjunto do governo e um independente que é o prefeito Mano (Medeiros) do PL de Jaboatão”, avalia.
Eduardo Campos
O prefeito também relembrou a data em que seu pai, o ex-governador Eduardo Campos participou pela primeira vez do programa Roda Viva. “Ainda criança eu vi meu pai neste mesmo lugar. Ele esteve aqui no Roda Viva, pela primeira vez, no dia 25 de outubro de 2004. Há exatos 20 anos e três dias”, recordou.
Eleições
Ao ser questionado se pretende disputar o Governo do Estado em 2026, João Campos defendeu que ainda é cedo para a oposição definir um candidato.
“Eu acabei de disputar uma eleição e fui reeleito. Ninguém é candidato de si. Isso não é uma escolha individual. No tempo certo vamos discutir um projeto de oposição que possa ser vitorioso em 2026. Isso acontece no tempo certo. Mas o reconhecimento numa cidade como o Recife me dá disposição de trabalhar ainda mais”, disse o prefeito do Recife.
Autocrítica
João Campos, identificado como de centro-esquerda, também refletiu sobre os desafios enfrentados pela esquerda. “É preciso fazer sim uma autocrítica. A forma de comunicação precisa mudar. As pessoas precisam se aproximar mais da política e a política das pessoas”, afirmou o socialista.
Apesar de reconhecer o crescimento da centro-direita, Campos acredita que a polarização política está perdendo força. “O povo tá cansado dessa briga e dessa divisão, o povo quer alguém que junte”, comentou.
Redes Sociais
Com uma presença expressiva nas redes sociais, com quase 3 milhões de seguidores, João Campos falou sobre sua popularidade, defendendo que seu desempenho no universo virtual não é fruto das plataformas sociais, mas do trabalho que apresenta como prefeito.
“Eu acredito que a gente tem que mostrar aquilo que a gente é. A política passa hoje por um ciclo de incoerência, pois as pessoas mostram o que elas não são. Essa brincadeira de fazer o passinho e descolorir o cabelo eu faria mesmo que não fosse prefeito. Apesar disso, o fruto da nossa popularidade não vem das redes sociais. Tudo que mostrei era verdadeiro”, disse.
Presidência
João Campos defendeu a parceria do PSB com o PT e declarou apoio ao presidente Lula (PT) em uma eventual candidatura à reeleição em 2026. Além disso, o socialista defendeu a posição do PSB no governo, que tem Geraldo Alckmin (PSB) como vice-presidente. “O governo Lula é um governo melhor do que ele é avaliado”, defendeu.
No âmbito local, o prefeito do Recife garantiu que pretende manter a legenda no seu governo.(Blog Magno Martins)