Em meio a interrogações e exclamações, Jair Bolsonaro vai entregando, até o momento, o que havia prometido: um ministério sem interferências partidárias. Poderia cercar-se de auxiliares medíocres. Preferiu encostar suas limitações em personalidades fortes. Três se destacam: o general Augusto Heleno, o economista Paulo Guedes e, sobretudo, o juiz Sergio Moro.
Com Heleno, Bolsonaro entregou as Forças Armadas a um estrategista que os militares respeitam muito. Com Guedes, confiou a economia a alguém que pode ser acusado de ultraliberalismo, não de desconhecimento técnico. Com Moro, Bolsonaro impermeabilizou sua futura administração com o verniz da Lava Jato.
Bolsonaro deu a Heleno, Guedes e Moro poder e estrutura de superministros. A partir de janeiro, haverá uma pulverização de atribuições e decisões que tende a fortalecer a entidade chamada “ministério” em detrimento da instituição presidencial. A atuação dos superministros da Defesa, da Economia e da Justiça pode passar a impressão de que há no Planalto um minipresidente. É nessa hora que o país vai saber se Bolsonaro é um sábio que delega poderes ou apenas uma crise esperando para acontecer.