Natal, para a maioria, é o dia de trocar presentes e se reunir com a família em volta de uma mesa farta. Alegria e confraternização. Dia da natalidade por excelência, nascimento do menino Jesus. Sim, do menino Jesus, não de Jesus Cristo. A condição crística da figura humana de Jesus será adquirida depois, mesmo sendo um predestinado desde o nascimento e até antes dele como os reis magos reconheceram.
Cristo, entidade divina, é Filho de Deus. Não teria sentido que um filho de Deus precisasse brincar de menino por mais de dez anos. A condição crística veio progressivamente tomando conta do Jesus que nasceu em Belém. Em etapas distintas marcam essas transformações nos Evangelhos. Depois do nascimento, o segundo degrau rumo ao “Cristo” aparece e se manifesta discursando eruditamente com os sacerdotes no templo, e os pais se surpreendem ao encontrar “outro iluminado” diferente do menino que criaram. O terceiro degrau, depois de um longo período de silêncio dos Evangelhos, se dá a partir do batismo no Jordão, aos 30 anos. Nessa ocasião o Jesus “erudito” recebeu o “Cristo” em si, e iniciou sua missão mais importante de divulgação da nova doutrina que supera o “olho por olho” judaico.
A explicação mais sublime e esotérica, no mundo ocidental, foi descrita por Rudolf Steiner, em seus quatro Evangelhos, seguidos do quinto Evangelho. Aquilo que descreve o que a entidade crística nunca parou de impulsionar.
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DIA DE NATAL
O dia 25 de dezembro foi assumido pela Igreja como o dia do nascimento de Jesus a partir do ano 353, em função de frustrar o caráter pagão da festa que ocorria a cada ano naquela data, comemorando o nascimento do deus Mitra, “dies natalis Solis” – dia do nascimento do deus Solar –, que acontecia ao fim de sete dias de festas dedicadas a Saturno, entre 17 e 24 de dezembro.
Apesar de os relatos de Clemente Alexandrino, respeitado pesquisador católico da vida de Jesus – vivido no século II d.C. –, situarem o nascimento do Messias entre 19 de abril e 20 de maio, os líderes da Igreja sincretizaram a natividade de Mitra (deus solar romano, tanto quanto o Apolo grego) e, antes dele, Horus, filho de Osíris (pai-sol) e de Isis (mãe-lua).
O conceito de “trindade” transcende a época cristã. Sobre outras representações e aparências, a Tríade Divina perpassa todas as épocas e religiões, vindo de Atma (Pai), Buddhi (Filho), Manas (Espírito Santo), os três aspectos da unicidade divina.
Cristo, Mitra, Apolo, Zoroastro, Horus, Krishna, Buddhi são figurações diferentes de um mesmo conceito de Segunda Pessoa da Trindade, de Filho dos princípios Solar e Lunar, equilíbrio de Ying e Yang, masculino e feminino, luz e escuridão.
Os egípcios comemoravam Horus, filho de Isis (lua) e Osíris (sol) em 25 de dezembro. Suponho eu – depois de anos de observação e leituras – que o deus solar (Cristo) simbolicamente não poderia nascer em outra data a não ser no dia 25 de dezembro, 40 semanas após o equinócio de primavera que se dá no dia 21 de março. As 40 semanas, ou 280 dias (= 7 dias x 40 semanas), são o prazo de gestação no ventre materno do óvulo fecundado, e em 25 de dezembro de cada ano, após 280 dias, nasceria quem é fecundado em 21 de março.
Seja como for, essas são apenas deduções pessoais que divido com meus leitores augurando que o Natal, a natividade de 2016, seja também o nascimento de mais esperanças e o início de um ciclo melhor. E, para quem se sente desesperançado, deprimido ou triste, desejo que seja esse o primeiro dia do que resta uma nova vida. A cada nascer do sol, possamos virar uma página e iniciar uma no ciclo.