No último sábado, o governador Paulo Câmara trocou um telefonema com o, então, presidente da Assembleia Legislativa, Guilherme Uchoa. Os dois combinaram de se encontrar no dia seguinte. Haveria um grande encontro, no domingo, na fazenda do parlamentar, em Igarassu. O encontro acabou não acontecendo e aquela foi a última vez que o socialista ouviu Uchoa, que acabou falecendo na manhã de ontem. Por seis vezes consecutivas, ele presidiu a Casa de Joaquim Nabuco. Na vacância do espaço, o 1º vice-presidente, Cleiton Collins, do PP, assumiu interinamente o comando do legislativo e, pelo regimento, deve convocar eleição para o cargo. O volume de votos do PP, partido que tem a maior bancada da Casa com 14 parlamentares, no entanto, passou a ser ressaltado, nas coxias, como variável que lançaria Collins como a “bola da vez”. O detalhe é que os dois deputados do PR, sigla que firmou um bloco, recentemente, com os progressistas, entram nessa conta, somando, em tese, a favor de Cleiton.
Nesse cálculo, o total de votos de Cleiton já seria de 16 e ele precisaria de mais nove para ser eleito presidente da Casa. O PP, recentemente, ampliou ainda mais o seu tamanho no Governo do Estado ao passar a comandar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e o Complexo de Suape. Aos olhos de alguns governistas, esse crescimento não foi visto com bons olhos. Houve quem apontasse o movimento do governo como “rendição” ao PP. A legenda já ocupava algumas diretorias de Suape, além de comandar o Lafepe, o Ipem, o Porto do Recife, a administração de Fernando de Noronha e a Secretaria de Desenvolvimento Social. Ontem, diante da perspectiva de o partido vir a ocupar a presidência do legislativo, parlamentares já advertiam para o risco de a gestão Paulo Câmara ficar ainda mais “refém” do PP, presidido no Estado por Eduardo da Fonte. Ontem, nos corredores da Alepe, já se cogitava antecipar para julho a eleição que, segundo regimento, ocorreria em agosto. (Renata Bezerra de Melo)