Vestir o jaleco de metalúrgico do setor naval era o sonho de Everton Dayvid, 27 anos. Enquanto trabalhava na portaria de um edifício de classe média em Boa Viagem, aproveitava o tempo vago para estudar. A lida como porteiro foi curta. Uma oportunidade no Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Suape, fez o jovem trocar de farda. Aprendeu a profissão de montador e passou também pela Refinaria Abreu e Lima (Rnest) e pelo Estaleiro Promar. Em dezembro do ano passado, Everton entrou na estatística do desemprego. Em Pernambuco, o setor de metalurgia demitiu 4 mil profissionais, impactado pela crise econômica e pela operação Lava Jato. A dificuldade de voltar ao mercado de trabalho fez o metalúrgico se aventurar na carreira de empreendedor. Montou a oficina Candeias Reboques, especializada na fabricação de trailer para food truck.
Diante do avanço do desemprego, os brasileiros estão investindo o dinheiro de suas rescisões na abertura do próprio negócio. “Em momentos de crise, ocorrem esses ciclos de empreendedorismo. No primeiro semestre deste ano, o número de microempresas e empresas de pequeno porte cresceu 16,5% no Estado. Esse é um caminho, mas precisa fazer o dever de casa. O empresário tem que ter capacidade de correr risco calculado, que é diferente de correr perigo”, alerta o analista de Atendimento Individual do Sebrae em Pernambuco, Luiz Nogueira, com 35 anos de experiência no tema.
A desmobilização da Rnest, em Suape, contribuiu para Pernambuco liderar o ranking de desemprego no Nordeste. Em julho, a taxa na Região Metropolitana do Recife alcançou 9,2%. Nos sete primeiros meses do ano foram fechados 77,9 mil postos de trabalho. (Jornal do Commercio)