O ministro da Justiça primeiro pareceu se regozijar com o anúncio feito por Jair Bolsonaro em entrevista ao domingo de que a próxima cadeira do Supremo será sua. Depois a ficha começou a cair. Moro passou, então, a dizer que não houve combinação prévia para sua indicação para a corte, e que isso não foi condição para que ele aceitasse trocar a magistratura pelo Executivo.
Foi o próprio Bolsonaro quem colocou as coisas nesses termos. E ao reiterar o que disse ser um compromisso pareceu pretender mandar um recado para que Moro aguente firme as provações políticas, porque o prêmio da Mega Sena virá lá adiante.
O presidente agiu como político neófito. Não existe indicação que tenha de passar pelo crivo do Congresso feita com tanta antecedência. Parlamentares já articulam, por exemplo, mudanças na regra de aposentadoria de magistrados, para torná-la compulsória aos 80, e não mais aos 75 anos. Daí por que a cautela de Moro. (Vera Magalhães – Estadão)