O ministro Sergio Moro, da Justiça, está em baixa no Palácio do Planalto. Uma parte do núcleo duro do governo passou a fazer críticas a ele — em especial depois que o ex-juiz conversou com o ministro Dias Toffoli, do STF (Supremo Tribunal Federal), sobre o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Toffoli decidiu suspender investigações do órgão feitas sem autorização judicial. A medida beneficiou diretamente o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.
Moro não deu declarações. Mas manifestou a Toffoli preocupação com a decisão, que poderia colocar em risco mecanismos de combate à lavagem de dinheiro.
O presidente do Coaf, Roberto Leonel, que é ligado a Moro, foi além e deu entrevista criticando Toffoli.
Na visão de integrantes do governo, Moro tenta reverter a medida e mostra que é ingrato: Bolsonaro, ao contrário dele, colocou todo o peso de sua credibilidade a favor do ex-juiz depois do escândalo das conversas vazadas.
O presidente, dizem, chegou a levá-lo a um jogo do Flamengo sem estar seguro de como o público reagiria.
As afirmações de assessores refletiriam a contrariedade do próprio Bolsonaro. Se, por um lado, o presidente nunca pediu ajuda a Moro em relação ao filho, por outro não gostou de vê-lo tentando atrapalhar.