Ou bem o ministro Sérgio Moro pede desculpas – “escusas”, como costuma dizer – pelo conteúdo de conversas ofensivas com pessoal da Lava Jato, como fez no caso dos “tontos” do MBL, ou diz que elas foram adulteradas e não valem nada. As duas coisas não dá. Estão cada vez menos convincentes os argumentos do ex-juiz de que as mensagens hackeadas podem não ser verdadeiras, mas que, se forem, não mostrariam “nada demais” em seu conteúdo.
A entrada de outros veículos de comunicação na divulgação das conversas obtidas pelo The Intercept, como o Blog do Reinaldo Azevedo, na BandNews, e a Folha de S.Paulo, deu força ao escândalo, que havia começado a esfriar com a ida de Moro à CCJ do Senado.
Foi uma trégua curta, pois no fim de semana a Folha trouxe, junto com novos diálogos mostrando a proximidade do então juiz com o procurador Deltan Dallagnol, quase uma confirmação da autenticidade do material. A Folha informou não ter identificado nele qualquer traço de adulteração e confirmou ter encontrado íntegras, em meio ao conteúdo recebido, mensagens trocadas por seus próprios repórteres com integrantes da Lava Jato na época.
Esses arranhões na narrativa de Moro – que, no mínimo, vai ter que se decidir entre contestar a veracidade do material ou dizer que ele não coloca em risco sua imparcialidade – podem explicar sua decisão de não comparecer, nesta quarta-feira, à CCJ da Câmara, conforme havia prometido, e ainda viajar aos Estados Unidos.