A comissão mista que analisa a reforma administrativa do presidente Jair Bolsonaro (PSL) aprovou, ontem, o destaque que retira o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) da pasta da Justiça para retornar ao Ministério da Economia, comandado por Paulo Guedes. Foi uma derrota para o ministro Sergio Moro, que passou os últimos dias em reuniões com parlamentares para manter o controle do Coaf. Vários parlamentares citaram Moro em seus discursos, ressaltando o empenho do ministro.
“O ministro Sergio Moro deveria fazer a articulação política do governo, porque ele virou uns dez votos aqui nessa comissão. Mas a mim ele não convenceu”, disse Elmar Nascimento (DEM-BA). “Tivemos uma boa conversa, mas eu expliquei a ele que seria uma decisão partidária”, completou Camilo Capiberibe (PSB-AP). Foram catorze votos “Sim” e onze “Não”. Uma abstenção.
Parlamentares do Centrão e da oposição se juntaram para tirar o Coaf das mãos de Moro e se articularam para impor uma derrota ao governo. Assinaram o requerimento que devolve o órgão para o Ministério da Economia líderes de PT, PRB, PTB, PP, MDB, Pode, PSC, DEM, PR, Solidariedade e Patriotas. O ministro da Justiça e Segurança Pública já disse mais de uma vez que deseja que o Coaf permaneça sob sua pasta.
Na última semana, afirmou que o conselho estava “esquecido” no Ministério da Fazenda e garantiu que o ministro Paulo Guedes, da Economia, não quer o Coaf. “Guedes não quer o Coaf, ele tem uma série de preocupações, tem a reforma da Previdência. A tendência lá é ele (Coaf) ficar esquecido e na Justiça temos ele como essencial”, disse. Se Moro tivesse dignidade entregaria o cargo. Sem o Coaf, órgão que controla a movimentação de contas e combate à lavagem de dinheiro seu poder sofre um tremendo abalo.
Moro já errou, aliás, ao aceitar o convite de Bolsonaro. Como juiz que mandou Lula para o xadrez, era tratado e revenerado como herói nacional. Agora, virou subalterno de um desgoverno. Bolsonaro parece uma batata tonta, se elegeu na onda antipetista, revela despreparo e desconhece a chamada liturgia do cargo. (Magno Martins)