Do Poder360 – A divulgação do encontro entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) que seria realizado nesta 3ª feira (1º.nov.2022) no Palácio da Alvorada com alguns ministros do Supremo Tribunal Federal acabou irritando os magistrados. Depois que o Poder360 publicou a informação, isso precipitou o cancelamento.
Os ministros ficaram preocupados com a eventual imagem que o encontro poderia ter, de condescendência com o atual presidente, que até agora não se pronunciou em público para aceitar a derrota na eleição de domingo para Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Estavam pré-confirmados no encontro, pelo menos, a presidente do STF, Rosa Weber, e os ministros Gilmar Mendes, Kassio Nunes Marques e Luiz Fux.
O ministro Alexandre de Moraes, que é presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), também foi procurado, mas não poderia participar. Está em voo de Brasília para São Paulo.
A intenção de Bolsonaro era explicar aos ministros o que é seu juízo a respeito do resultado eleitoral de domingo (30.out). O cancelamento do encontro terá como consequência um possível aumento do descontentamento do presidente da República e dos seus seguidores. O clima político tende a ficar ainda mais tenso em Brasília.
Depois, a ideia era o presidente fazer um pronunciamento à nação.
Uma das preocupações do presidente é com o processo de transição e os desejos de vingança contra ele em 2023. Há insinuações dentro do Judiciário e entre integrantes do futuro governo petista de que o presidente atual pode ser rapidamente preso depois de deixar o Planalto. Esse tipo de comentário é comum em perfis de redes sociais de apoio a Lula.
O presidente diria aos ministros do Supremo, se a reunião tivesse acontecido, que na eleição teve 58,2 milhões de votos. E que esses votos foram também contra Lula. “As pessoas que votaram em mim votaram também contra uma pessoa que foi tirada da prisão para me derrotar nas eleições. Muitos brasileiros não concordaram com isso”, tem dito Bolsonaro a interlocutores.
Na conversa com os ministros do Supremo, Bolsonaro também pretendia dizer que as manifestações de caminhoneiros na 2ª e nesta 3ª feira (31.out e 1º.nov) são uma espécie de exemplo do que pode se transformar o país caso haja um movimento virulento contra o bolsonarismo, como tem sido sugerido por militantes lulistas.
O texto que será lido no pronunciamento por Bolsonaro vem sendo discutido e formatado desde ontem com alguns de seus colaboradores mais próximos, entre eles Paulo Guedes (ministro da Economia), Ciro Nogueira (ministro da Casa Civil), Daniella Marques (presidente da Caixa Econômica Federal), Fábio Faria (ministro das Comunicações), Rogério Marinho (ex-ministro do Desenvolvimento Regional e hoje senador eleito pelo Rio Grande do Norte) e o general Augusto Heleno (ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional).