Até ir para cadeia em abril deste ano, o ex-presidente Lula tinha nas pesquisas de opinião cerca de 30% de intenções de voto. Supunha-se que não teria mais como crescer porque sua taxa de rejeição era estratosférica. Ocorre que mesmo trancafiado numa cela da Polícia Federal, em Curitiba, ele soube “pautar” a mídia nacional, e até internacional, com a versão de que o juiz Sérgio Moro o persegue e que o condenou sem provas. Assim, não passou um só dia da data da prisão até hoje sem criar um fato político. Foi notícia quando recebeu a visita do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel, quando a juíza das execuções penais, Carolina Lebbos, impediu que recebesse a visita se alguns governadores, entre eles Paulo Câmara, quando um desembargador do TRF da 4ª Região mandou soltá-lo e outro desembargador, no mesmo dia, determinou que continuasse preso, quando a Comissão de Direitos Humanos da ONU recomendou ao governo brasileiro que não o deixasse fora da disputa, quando o jornal “The New York Times” abriu-lhe espaço para dizer que há no Brasil onda “onda conservadora” e quando teve publicadas em centenas de órgãos de imprensa do Brasil as cartas que escreveu para correligionários, muitas delas contendo uma série de bobagens.
A farta exposição de mídia que tem todos os dias e sem o “povão” saber o que é “corrupção passiva” e muito menos “lavagem de dinheiro” contribuiu para que ele crescesse na preferência dos eleitores para voltar ao Palácio do Planalto. Não vai voltar porque não será candidato. Mas deve estar profundamente grato a alguns veículos, que no intuito de desgastá-lo com a notícia da prisão acabaram contribuindo para que ele chegasse a 45 dias da eleição com impressionantes 39% de intenções de voto, de acordo com pesquisa do Datafolha divulgada ontem. (Inaldo Sampaio)