Por Felipe Magalhães
Tudo é relativo, só Deus é absoluto! Essa fala carrega muito sentido para os que creem. O Deus absoluto, que quis se relativizar na história humana, para fazer comunhão com o mundo, ensina-nos a não absolutizar nada, pois tudo está em relação. Ele próprio, revelado e compreendido como Trindade, é só relação: o absoluto que, por força do amor que o define e move, doa-se infinitamente.
O ser humano, entretanto, busca absolutizar-se e absolutizar muitas coisas. É o pecado da idolatria. Tornar coisas absolutas, além de criar outros deuses, rompe com toda a possibilidade da paz: religiões absolutizadas, ideologias absolutizadas, culturas absolutizadas, entre outras coisas, geram desarmonia, violência, intolerância. Como cidadãos do mundo, precisamos cultivar a cultura da paz. Como cristãos, precisamos viver e testemunhar a paz.
O próximo dia 1º, além de marcar o início de um novo ano, o de 2024, é o dia da Confraternização Universal – Dia Mundial da Paz –, como convite à solidariedade humana, em e entre todos os povos, numa adesão de paz. Muitos sinais de morte, violência e desumanização acontecem todos os dias, no mundo inteiro. Mas é preciso, esperando contra toda a esperança, fazer opção pela paz, realidade possível.
O artigo Qual a paz que queremos?, do Pe. Rodrigo Ferreira da Costa, SDN, traz um esboço do significado da paz, que está para além da inexistência dos conflitos. Denunciando os falsos significados da paz, carregados de injustiça e violência, muitas vezes silenciosas, o autor nos ajuda a refletir sobre a importância da paz, de modo profundo, como fruto da justiça, tal como nos inspira a Escritura.
Esses falsos significados da paz, como verdadeiros empecilhos para a realização da justiça, alcançam os pobres do mundo, cotidianamente, desde as guerras do Oriente Médio às políticas desumanas realizadas em nosso país, nos últimos meses. É o que nos ajuda a refletir o artigo: Celebrar a paz em tempos de ódio, do Ms. Pe. Antônio Ronaldo Vieira Nogueira. Os sinais de morte, presentes no mundo, não nos podem tirar a esperança e o protagonismo que busca a paz, verdadeiro shalom para o mundo.
No mundo, bilhões de pessoas professam alguma fé. Sem o papel fundamental das religiões, a paz não será uma realidade possível. O terceiro artigo de nossa matéria especial, Paz entre as religiões: uma utopia possível e, cada vez mais, necessária, do Drdo. Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães, aborda essa fundamental questão, do protagonismo religioso na busca e concretização da paz, possibilidade de dignificação e humanização da pessoa e de toda a vida criada.
Sejamos construtores da paz! Que 2017 seja, de fato, um ano que agrade ao Senhor!