Com um mandato de deputado estadual, três de deputado federal, dois de vice-governador e nove meses como governador, Mendonça Filho vivenciou seu melhor momento político ao ascender ao ministério da Educação, onde realizou um importante trabalho na área, sendo reconhecido por todo o país.
Talvez pelo nível de poder jamais experimentado, Mendonça acreditou que fosse esta a sua vez de vencer a primeira eleição majoritária em faixa própria, porém apostou numa jogada de alto risco ao lançar três candidaturas na sua família em 2018. Além da sua própria tentativa ao Senado, Mendonça lançou seu filho Vinícius para deputado federal e sua irmã Andrea para deputada estadual. A família Mendonça já havia atingido resultados importantes quando em 1994 José Mendonça e Mendonça Filho foram eleitos juntos para a Câmara dos Deputados, e reeditou a situação em 2010 quando Mendonça e seu cunhado Augusto Coutinho foram eleitos deputados federais.
Porém em 2018, apesar da passagem pelo MEC, não era o momento de Mendonça lançar três candidaturas. A tentativa ao Senado, mesmo tendo experimentado quatro derrotas majoritárias em sua vida pública, foi importante para dar sustentação a Armando Monteiro, que ficou reticente a entrar na disputa pelo governo de Pernambuco e só decidiu entrar no jogo quando Mendonça confirmou que seria seu companheiro de chapa.
A candidatura ao Senado, que foi costurada no intuito de conquistar o segundo voto de todos os políticos do estado, começou com ressalvas quando Mendonça colocou um familiar na disputa pela Câmara Federal criando arestas com seus colegas deputados federais e outro familiar para a Assembleia Legislativa de Pernambuco fortalecendo o descompromisso dos deputados estaduais com a sua candidatura.
Se Mendonça estava arriscando um mandato no Senado, era aceitável que ele lançasse um nome em seu lugar para a Câmara dos Deputados, pois era fundamental manter a cadeira do seu grupo político em Brasília. O grande erro talvez tenha sido a terceira candidatura, pois ficou uma logística difícil de tocar. A grande demonstração de força política para Mendonça não era eleger o filho e a irmã nestas eleições, e sim eleger-se para o Senado Federal conquistando sua primeira vitória majoritária em voo solo.
Faltando três dias para o pleito, Mendonça está correndo risco de perder as três tentativas, pois é importante salientar que a sua vitória em 2014 para a Câmara dos Deputados foi na penúltima vaga da Frente Popular, então estava latente que um substituto da sua família não teria vida fácil nas eleições deste ano, mesmo que desfrutasse de aparato financeiro para tocar sua candidatura. A sua tentativa para o Senado precisa quebrar algumas barreiras, a primeira é a de nunca ter vencido uma eleição majoritária, a segunda é a de subverter a lógica e ser eleito senador numa chapa majoritária que está atrás nas pesquisas, e a terceira é retirar uma desvantagem de treze pontos no Ibope que dá a liderança a Jarbas Vasconcelos e Humberto Costa.
Ainda que Mendonça consiga eleger Vinícius deputado federal no próximo domingo, se não for eleito senador e não eleger Andrea deputada estadual, o ex-ministro da Educação não terá resultado satisfatório, uma vez que ficará sem mandato e seu grupo político ficará apenas com o que já tinha, ofuscando uma eventual vitória de Vinícius por duas eventuais derrotas. De todo modo, a sobrevivência do grupo passa por esta vitória de Vinícius, uma vez que se nem ela ocorrer, a implosão será ainda maior. Foi uma jogada muito arriscada que poderá prejudicar um grupo político que já teve um grande protagonismo na política estadual na época do ex-deputado José Mendonça. (Edmar Lyra)