Memórias da Vaquejada de Surubim através do Parque J. Galdino

Cidade conhecida pela força de sua tradição cultural, Surubim testemunhou ao longo dos anos a evolução de um dos eventos mais emblemáticos do interior nordestino: a tradicional Vaquejada. A festa que entra em seu 87º ano, contagia o público por unir competição de alto nível com apresentações artísticas e culturais que atraem o público de diversas cidades e estados. 

No epicentro dessa história está o Parque de Vaquejada J. Galdino, fundado por João Galdino dos Santos, o Dão Galdino, que transformou a vaquejada local em um evento de renome nacional. Para entender a importância do Parque nessa trajetória, o Portal da Cidade Surubim conversou com Severina Ribeiro dos Santos, conhecida como Dona Tila, viúva de Dão Galdino, e sua filha, Ednalva Ribeiro. Seus relatos trazem uma visão que relata a evolução da festa e do Parque.

Início modesto e transformações 

A história da organização da Vaquejada de Surubim pela família Galdino tem suas raízes em 1960, quando o primeiro evento foi realizado no terreno localizado no Sítio Braz, zona rural de Surubim. Dona Tila lembra com clareza: “Foi em setembro de 1960. O Dão Galdino montou um espaço rudimentar. Era uma pista de vaquejada com cercas de madeira e uma arquibancada também de madeira”, enfatizou. Esse evento, embora singular, marcou o início da transformação da vaquejada em uma tradição local.

O Parque, como conhecemos hoje, começou a ganhar forma no início da década de 70. Um ano antes, a família Galdino organizou a competição em um espaço improvisado no Coqueiro, próximo a área onde hoje é o estádio de futebol. Dona Tila esclarece: “No Coqueiro, a pista era rústica, feita com cercas normais. Não havia arquibancada estruturada, apenas uma pista simples”. A partir de 1972, Dão Galdino conseguiu estabelecer o evento no que viria a se tornar o famoso Parque de Vaquejada J. Galdino, espaço que evoluiu significativamente ao longo dos anos.

A transformação do Parque foi gradual. Inicialmente, a estrutura era simples e feita de madeira. Com o tempo, a necessidade de melhorias levou à construção de estruturas mais permanentes. “Na década de 90, foi quando começamos a investir em alvenaria. O Parque ganhou uma estrutura fixa com bilheteria, arquibancadas de alvenaria, camarotes e uma área de banheiro bem maior”, lembra a viúva.

O auge dessa modernização foi a construção do palco fixo, que recebeu grandes artistas como Zezé Di Camargo e Luciano. “Eles se apresentaram pela primeira vez em 2000. Naquele ano, já tínhamos um palco fixo e uma estrutura bem maior para receber o público,” explica Ednalva.

Impacto cultural e musical 

A importância do Parque de Vaquejada J. Galdino transcende o esporte. Dona Tila e Ednalva recordam com carinho das apresentações musicais que enriqueceram o evento. “Nos anos 70, Luiz Gonzaga e outros artistas vieram se apresentar. Lembro que Luiz Gonzaga cantou em cima da mesa de locução,” recorda Dona Tila. A falta de registros fotográficos daquela época é compensada pelas memórias afetivas e o impacto cultural deixado por esses artistas.

A música e a vaquejada estavam entrelaçadas, e a presença de figuras como Luiz Gonzaga e a dupla Sirano e Sirino, exemplifica como o parque era mais do que uma arena de competições; era um ponto de encontro cultural que teve a presença de músicos que fizeram a história.

Com o passar dos anos, o evento de vaquejada de Surubim passou por diversas mudanças. Ednalva observa: “Antes, o evento era um grande encontro de amigos. A competição parava para o almoço, todos se reuniam em minha casa. Era um evento mais simples, mas com uma atmosfera calorosa e familiar. Além disso, os shows aconteciam a noite na sede do Sport Clube Surubim, no centro da cidade”, lembra Dona Tila.

Na década de 90, as mudanças começaram a refletir no formato do evento. A introdução de shows, a estrutura fixa para apresentações e a ampliação das áreas de público e serviços fizeram parte da transformação que acompanhou o crescimento da festa. “A vaquejada virou um grande evento, com muitas inscrições, diversas categorias e uma estrutura moderna. Hoje, é difícil imaginar a festa sem essa organização,” explica Ednalva.

Tradição preservada 

O Parque de Vaquejada J. Galdino não só consolidou a Vaquejada de Surubim como um evento de destaque nacional, mas também preservou a tradição que começou de forma modesta. “O parque é um símbolo da festa e da nossa história. Embora eu não possa mais acompanhar os eventos como antes, fico feliz em ver a evolução e o reconhecimento que a festa tem hoje,” diz Dona Tila.

A vaquejada, com sua essência rústica e sua evolução ao longo das décadas, continua a ser um evento querido e significativo para Surubim. A trajetória do Parque de Vaquejada J. Galdino é um testemunho da paixão de Dão Galdino e da comunidade, e um exemplo de como as tradições podem crescer e se modernizar mantendo suas raízes.

Fonte: Portal da Cidade Surubim