De olho em uma fatia do eleitorado que tradicionalmente apoia o PT e que registra os maiores índices de rejeição a Michel Temer, o MDB incluiu no Encontro com o Futuro, documento que aponta as diretrizes do partido para a eleição presidencial, um capítulo só com propostas para a região Nordeste.
No texto, a sigla prega que os nordestinos sejam tratados como “prioridade especial”. “Afinal, não estamos tratando de um território, mas de 60 milhões de pessoas, quase um terço dos brasileiros, dos quais metade vive no semiárido.”
O Encontro será lançado pelo partido nesta terça (22). A expectativa é a de que o evento seja usado para catapultar a pré-candidatura de Henrique Meirelles (MDB), ex-ministro da Fazenda, ao Planalto.
O MDB propõe transformar o Nordeste “no grande polo de energia do país”, com ênfase em geração eólica e solar. “Toda a política pública de energia deve estar voltada para transformar o Nordeste no grande polo de energia do país, com todas as consequências econômicas deste fato, em termos de emprego, pagamento de tributos locais e estaduais e desenvolvimento urbano consequente”, diz o documento.
A sigla também prega investimentos para dotar as cidades da costa nordestina com infraestrutura turística “de primeiro mundo” e prevê um programa estatal para desenvolver os potenciais da região com recursos de bancos públicos, como BNDES, Caixa, Banco do Brasil e Banco do Nordeste.
No longo prazo, diz o texto, a meta deve ser atrair investidores e empreendedores internacionais.
O documento fala ainda em aumentar e estabilizar a vazão do São Francisco, para estimular a agricultura irrigada na região. Em outra frente, cita como possibilidade a transposição das águas do rio Tocantins para afluentes da bacia do São Francisco.
“As primeiras estimativas apontam para a sua viabilidade ambiental e econômica. O Nordeste tem de ser o grande polo de agricultura irrigada do país, com milhares de hectares possíveis para irrigação.”
O eleitorado do Nordeste tornou-se um desafio histórico não só para o MDB, mas para candidatos de partidos de centro. Mais do que ao PT, a região tem forte apego ao ex-presidente Lula, ao ponto de 34% dos eleitores se recusarem a escolher um candidato quando o petista não aparece nas cédulas de pesquisa eleitoral, como mostrou o último Datafolha.
Temer enfrenta forte rejeição na região, principal flanco de defecções de caciques do MDB. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) apoia a candidatura de Lula abertamente e é um dos maiores críticos à gestão do presidente.
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), costura aliança com o governador Camilo Santana (PT) e a família do presidenciável Ciro Gomes (PDT), que se refere a Temer como chefe de quadrilha.