Em meio às especulações de rompimento entre MDB e PSB, desta vez tendo como pivô o deputado federal Felipe Carreras que poderá trocar o ninho socialista pelo MDB dos senadores Fernando Bezerra Coelho e Jarbas Vasconcelos, alguns emedebistas lembram atitudes do senador Jarbas Vasconcelos para contribuir com o PSB no estado desde que retornou à Frente Popular. Ainda em 2012, o MDB tinha uma pré-candidatura posta, a de Raul Henry a prefeito do Recife, mas abdicou do projeto majoritário em prol da candidatura de Geraldo Julio, oferecendo seu importante tempo de televisão ajudando a transformar o então candidato de um mero desconhecido a vitorioso no primeiro turno.
Em 2014, o senador Jarbas Vasconcelos abdicou de tentar a reeleição para o Senado no sentido de dar lugar a outro nome e beneficiar a unidade da Frente Popular, mas foi após a morte de Eduardo Campos que Jarbas deu a sua maior demonstração de lealdade ao PSB. Há rumores de que houve uma articulação do então governador João Lyra Neto e o então candidato ao Senado, Fernando Bezerra Coelho, de haver uma troca na chapa majoritária, uma vez que naquele momento Armando Monteiro tinha 40 pontos de vantagem sobre Paulo Câmara, porém graças a Jarbas, que exigiu a manutenção de Paulo na cabeça de chapa respeitando a vontade de Eduardo, a Frente Popular venceu a disputa com as vagas de governador e senador.
Em 2016 Jarbas foi incentivado por muitos a entrar na disputa pela prefeitura do Recife, e se fosse candidato poderia ter mexido diretamente no cenário da eleição. Mais uma vez o MDB ficou na Frente Popular e foi importante na vitória de Geraldo Julio. Mas foi em 2018 o gesto mais relevante feito por Jarbas Vasconcelos e Raul Henry para com a Frente Popular. Em meio a uma briga jurídica pelo comando do partido, Jarbas, Henry e Tony Gel foram até as últimas consequências para evitar que Fernando Bezerra Coelho fosse candidato a governador e levasse o MDB para a oposição. Todos três correram risco de sequer serem candidatos nas eleições de 2018, mas em nome do projeto de Paulo Câmara preferiram não dar o braço a torcer. O apoio de Jarbas, que foi obrigado a ser candidato na mesma chapa de um de seus maiores desafetos, Humberto Costa, acabou sendo, na ótica do MDB, novamente fundamental para a vitória de Paulo Câmara.
Portanto, para integrantes do partido, se a relação entre PSB e MDB for encerrada em 2020, os oito anos de aliança evidenciaram que ela foi um jogo onde todos saíram beneficiados, mas a falta de diálogo e a falta do reconhecimento da importância de Jarbas Vasconcelos e Raul Henry para o governo Paulo Câmara poderão ser fundamentais para o desenlace nas eleições municipais. (Edmar Lyra)