Eleita deputada federal como a segunda mais votada de 2018, Marília Arraes perdeu uma grande chance de ser candidata ao governo de Pernambuco no ano passado pelo PT por conta de uma intervenção da executiva nacional que direcionou o partido a fazer uma aliança com o PSB. A votação para deputada federal lhe consolidou para projetos futuros e lhe confere legitimidade para ser uma das principais lideranças do partido tanto a nível local quanto nacional.
Apesar de ser um quadro em ascensão na política local, Marília Arraes tem enfrentado dificuldades dentro do partido, que tem o senador Humberto Costa como dono do partido em Pernambuco, e que impõe suas vontades pessoais independentemente de serem boas para o conjunto partidário. Foi assim em 2012 na disputa municipal quando implodiu o partido para ser candidato a prefeito e em 2018 fez o mesmo para ser reeleito senador, porém com o êxito na segunda ocasião.
Aos 34 anos de idade, Marília Arraes fala para o futuro do PT e da esquerda em Pernambuco. É fundamental que ela tenha do seu partido as condições políticas para atuar em Brasília como deputada federal e até mesmo discutir com os pernambucanos e recifenses ações que representem a ampliação da sua atuação política.
Exceto Geraldo Julio, Paulo Câmara e João Campos, que foram forjados na esteira do eduardismo, somente Marília Arraes no campo de esquerda tem condições de se colocar como alternativa para o futuro deste campo, uma vez que nomes como Humberto Costa, João Paulo e Luciana Santos, perderam identidade política para envergar qualquer projeto majoritário. Portanto, se o PT quiser ofertar perspectivas de poder na condição de protagonismo no estado, precisará valorizar Marília Arraes e lhe garantir condições de trabalho dentro do partido. (Edmar Lyra)