Nas eleições de 2018, a então vereadora Marília Arraes era a grande sensação da disputa para o governo de Pernambuco. Até a sua saída do páreo, ela liderava as pesquisas e ameaçava a reeleição do governador Paulo Câmara. Como todos sabem, o PSB fez um esforço junto ao PT nacional para que Marília saísse do páreo, e Humberto Costa foi agraciado com a vaga de senador na chapa de Paulo Câmara. Nas urnas, a eleição foi resolvida no primeiro turno contra a candidatura previsível do então senador Armando Monteiro.
Se a eleição de 2018 foi fundamental a retirada de Marília para o PSB, o mesmo não se justifica para 2020. Pelo contrário, Marília que tinha ao seu lado o sobrenome Arraes e a figura de Lula, peças importantes numa eleição que o peso dos rincões do estado é significativo e impulsionaria seu projeto, o mesmo não se pode dizer da eleição do Recife, onde Lula e Arraes têm peso minorado devido às circunstâncias da disputa na capital.
Para ganhar a eleição em outubro, o PSB terá que dar uma guinada ao centro, pois é nele que está o caminho de uma eleição sem sustos. E nada melhor do que enfrentar uma candidata petista num eventual segundo turno, pois o eleitorado Bolsonarista tenderia a anular o voto ou fazer um voto crítico ao PSB. Além disso, a presença de Marília no jogo evitaria que as críticas ao arraesismo/eduardismo ficassem centradas somente no nome socialista.
A oficialização de Marília no jogo ainda abriria oportunidade para que o PSB destinasse espaços a aliados importantes que continuarão na Frente Popular e almejam ampliar seu quinhão nas gestões socialistas. Portanto, não justifica o PSB fazer qualquer esforço para retirar Marília do jogo e manter o PT na aliança. (Edmar Lyra)